Lição 003... O Perfeito Equilíbrio da Verdade de Deus

Geoffrey Thomas

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Atenção... leia sobre Despertamento ou Avivamento, no Dicionário

Oficial do Curso de Teologia.

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Recentemente, um amigo visitou uma igreja, onde nos últimos

cinco anos, tem acontecido uma obra renovadora do Senhor. Ele

descreveu seu fim-de-semana com os membros daquela igreja: “Uma

coisa marcante foi isto: sempre que eu passava por um grupo de homens,

eles estavam falando acerca das coisas de Deus. Chegou um momento

em que eu perguntei qual era o segredo dessa bênção que eles haviam

conhecido. Eu tinha para mim mesmo uma resposta, mas queria ouvir o

que diriam. Eles deram a resposta correta, ou seja, era uma soberana

obra de Deus. Disseram que não fora sempre assim e estavam conscientes

de que Deus estava operando no meio deles. Aquilo foi muito encorajador.

Não era avivamento, mas, quando imagino o avivamento, essa é uma

das coisas que me vem à mente. Foi animador ver o que na realidade

estava acontecendo, e aquilo me deu novas esperanças quanto à

possibilidade de um avivamento”.

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Em cada despertamento existe uma nova fascinação pela Bíblia:

Então, os que temiam ao SENHOR falavam uns aos outros” (Ml 3.16). É

claro que nos despertamentos, também, os homens acabam se desviando

e tornando-se obcecados com detalhes de teologia ou pelas doutrinas

que dividem os verdadeiros cristãos. Ainda assim, uma marca de Deus

abençoando uma congregação é o desejo de falarem uns aos outros acerca

dos diversos, e mesmo aparentemente contraditórios, caminhos de Deus.

Gostamos muito de freqüentar igrejas onde as pessoas discutem o ensino

da Bíblia demonstrando a mesma prontidão com que outros falam de

seus interesses e trabalhos. Compreender a Palavra de Deus é uma de

nossas maiores alegrias.

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Em cada despertamento

existe uma nova

fascinação pela Bíblia.

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Uma evidência de maturidade é a compreensão experimental daquelas

verdades que perecem estar em conflito com outras, mas que na

realidade, são como os braços do Pai envolvendo seus filhos. Ambas

devem ser cridas na medida que permanecem fundamentadas em seu

próprio testemunho bíblico independente. Existe uma vasta gama de tais

verdades nas Escrituras; destas, seguem agora cinco exemplos.

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1. A Incapacidade Não Anula a Nossa Responsabilidade

As Escrituras deixam inequivocamente clara a total incapacidade

do homem para transformar seu caráter, por suas próprias forças e

vontade, tornando-se deste modo semelhante a Cristo. Isso está além da

capacidade do homem. “Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o

leopardo, as suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem, estando

acostumados a fazer o mal” (Jr 13.23). “Ninguém pode vir a mim se o

Pai, que me enviou, não o trouxer”, declarou o Senhor Jesus (Jo 6.44).

O ato da verdadeira e simples fé no Senhor é impossível sem o “trazer”

e sem a graciosa dádiva do Pai. Jesus novamente nos diz que, a menos

que um homem seja nascido de novo, ele não pode ver ou entrar no reino

de Deus (Jo 3.3,5).

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Todavia, existem mandamentos com os quais Deus confronta cada

ser humano. Por exemplo: “Importa-vos nascer de novo” (Jo 3.7); “Deus...

notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam” (At 17.30);

e “amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração”. Estes são

mandamentos sinceros? Com toda a certeza. Todas as criaturas são

responsáveis perante o seu Criador. Será que tais mandamentos não

pressupõem uma módica porção de capacidade? Não. Não, desde a queda

de nosso pai Adão.

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Um dos resultados de pregarmos

a incapacidade do homem

é que as pessoas são forçadas

a pararem de confiar em si mesmas.

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Deus lida com as pessoas de acordo com os padrões de responsabilidade

e obrigação, e não de acordo com a medida de capacidade.

John Murray afirmou: “Se a obrigação pressupõe capacidade, todos nós

temos de ir até o fim da linha e pregar a total capacidade do homem”.

Por que, então, os mandamentos nos foram dados? Eles são uma revelação

da vontade do Deus Todo Poderoso, e também farão que os homens

percebam sua total incapacidade. Um dos resultados de pregarmos a

incapacidade do homem é que as pessoas são forçadas a pararem de

confiar em si mesmas. Isto as obriga a confiar tão somente na graça de

Deus. Não é a convicção da incapacidade que mantém os homens afastados

de Cristo; é exatamente o oposto: “Eu não consigo me achegar a Ele,

mas preciso me achegar a Ele. Que incapacidade amedrontadora! Que

tremenda responsabilidade! Quem me livrará desse dilema? Agradeço a

Deus por Cristo Jesus, o Salvador que capacita”.

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2. A Certeza Não Anula a Nossa Necessidade

Tudo o que Deus determinou fazer certamente será realizado: “Desde

o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as

cousas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá

de pé, farei toda a minha vontade” (Is 46.10). O plano de Deus é

imutável, porque Ele é fiel e verdadeiro (Jó 23.13-14). O plano de Deus

é incondicional, ou seja, sua execução não depende de qualquer ação

humana, mas torna-a uma certeza (At 2.23; Ef 2.8). Além disso, o plano

de Deus é totalmente abrangente, envolvendo as boas e más ações dos

homens (Ef 2.10; At 2.23), os eventos incertos (Gn 50.20), a duração

da vida de um homem (Jó 14.5) e o lugar onde ele viverá (At 17.26). O

plano de Deus assegura a salvação de um grande número de pecadores

favorecidos.

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Entretanto, a certeza de que a vontade secreta de Deus está sendo

realizada não anula a necessidade do homem obedecer a tudo que Deus

ordenou na Bíblia. Quando o Senhor disse a Paulo que tinha muito povo

em Corinto, este não ficou sentado numa cadeira em sua varanda,

esperando que os coríntios viessem trazer-lhe os seus cartões de decisão.

Durante 18 meses, o apóstolo ensinou a Palavra de Deus a todos que em

Corinto o ouviam (At 18.11). Ele o fez rogando que crescem, estendendolhes

sua mão, suplicando-lhes que se arrependessem. Paulo chorou por

causa deles; orou e pediu que outros orassem em favor deles. O apóstolo

os visitou em particular, debateu com seus oponentes publicamente e

pediu desculpas se os havia ofendido por meio de palavras severas. Ele

procurou viver uma vida semelhante à de Cristo perante eles, para que,

em nada, a mensagem fosse maculada através do pecado. Paulo sabia

que o povo escolhido de Deus em Corinto certamente haveria de confessar

a Cristo, mas esse conhecimento de forma alguma anulou a necessidade

de viver uma vida de temor a Deus, permeada por fervor evangelístico.

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3. O Propósito Limitado Não Anula a Pregação Indiscriminada

Existe um povo que Deus, o Pai, presenteou a Deus, o Filho (Jo

17.2, etc.). Esse povo possui títulos como “a igreja”, “o povo de Deus”,

“os filhos de Deus” ou as “ovelhas” de Jesus. Constantemente, o Novo

Testamento nos informa que a morte de Cristo se concentrou na realização

da salvação dessas pessoas: “Ele salvará o seu povo dos pecados deles

(Mt 1.21); “Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela” (Ef

5.25); “Jesus estava para morrer pela nação e não somente pela nação,

mas também para reunir em um só corpo os filhos de Deus, que andam

dispersos” (Jo 11.51-52); “Mas vós não credes, porque não sois das

minhas ovelhas. As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço,

e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém

as arrebatará da minha mão” (Jo 10.26-28). O Senhor Jesus Cristo

cumpriu o propósito de Deus em salvar todos os que são povo dEle.

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Entretanto, para cada pessoa no mundo, sem exceção, o cristão

pode dizer com sinceridade: “Eu tenho boas-novas para você. Tenho

Cristo crucificado para que você creia nEle. Tenho o Salvador que é

profeta, sacerdote e rei para você receber e servir”. O cristão precisa

convidar seus ouvintes a crer em sua mensagem, exigir que o façam e

até exortá-los, em nome de Cristo, a não continuarem na incredulidade.

O cristão faz isso para todas as pessoas sem distinção ou discriminação.

Anuncia a todos os homens as palavras de Deus: “Olhai para mim e sede

salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há

outro” (Is 45.22). E, ainda: “Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus,

não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta

do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus

caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?” (Ez 33.11).

O Salvador é apresentado aos homens perdidos como Quem realizou a

completa e perfeita redenção, Aquele que sinceramente deseja salvá-los

de seus pecados e que não se compraz na morte deles.

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4. A Preservação Não Elimina a Perseverança

Todo verdadeiro cristão experimenta a contínua atividade do Espírito

Santo, através da qual a obra da graça divina que começou nele está

sendo continuada e será levada à sua plenitude. Essa doutrina é claramente

ensinada nas Escrituras (Jo 10.28-29; Rm 11.29; Fp 1.6; 2 Ts 3.3; 2 Tm

1.12; 4.18). Todo o crente é preservado pelo poder de Deus para a

salvação (1 Pe 1.5).

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Ao mesmo tempo, a Bíblia ensina que cada cristão deve perseverar

na sua peregrinação individual. Isso nos protege contra toda idéia ou

sugestão de que o cristão está seguro, ou seja, seguro quanto à sua eterna

salvação, independentemente da extensão que ele possa cair no pecado

e apostatar da fé e da santidade. Enquanto o cristão está sujeito a pecar

e, de fato, comete pecados, ele não pode entregar-se ao pecado nem vir

a permanecer debaixo do domínio do pecado; ele não pode cometer e

tornar-se culpado de certos tipos de infidelidade (por exemplo, o “pecado

para a morte”). Portanto, embora seja preservado, o crente não está

seguro totalmente, sem levar em conta sua vida subseqüente de pecado

e de infidelidade. Ele perseverará em crer em Deus. Isto não significa

que ele será salvo à parte de sua perseverança, mas ele continuará

labutando rumo a essa finalidade. Sua preservação é inseparável de sua

perseverança.

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5. O Amor Não Anula a Lei

O amor cristão é o maior de todos. Ele é “a marca distintiva da vida

cristã” (John Blanchard), “o sinal dos discípulos de Cristo” (Matthew

Henry), “a principal afeição da alma” (Matthew Henry), “ a rainha de

todas as graças cristãs” (Arthur Pink), “o fio prateado que percorre toda

a conduta do cristão” (J. C. Ryle). Sem amor, uma igreja não é coisa

alguma (1 Co 13). O novo mandamento dado por Cristo ao seu povo é

que se amem mutuamente, assim como Ele os amou. Por meio desse

sentimento puro e fervoroso, o mundo saberá que somos povo de Deus.

O amor é a graça mais semelhante a Deus.

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Ainda assim, Paulo disse: “A lei é santa; e o mandamento, santo, e

justo, e bom” (Rm 7.12). É claro que tem de ser; ela vem de Deus e

demonstra a própria natureza dEle. Paulo declarou: “Porque, no tocante

ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus” (Rm 7.22). Ele amava a

lei, porque ela demonstra as perfeições dAquele que é santo. O cristão

está livre da maldição e da condenação da lei, através da obra salvadora

realizada por Cristo. Para o crente, a lei não é mais aquela voz aterrorizante,

acusando-o e condenando-o. Cristo apagou a chama do Monte Sinai; o

crente está liberto do pecado e da lei. Agora, entretanto, ele se tornou

escravo de Jesus Cristo, seu grande Libertador, e cumpre a “lei de Cristo”

(Gl 6.2). “Se me amais, guardarei os meus mandamentos”, afirmou o

Salvador (Jo 14.15). O amor é a motivação íntima do crente; mas a lei de

Cristo é sua diretriz. Como alguém já afirmou: “A lei são os olhos do

amor. Sem lei, o amor é cego”.

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Esses temas gêmeos, o resultado da revelação da soberania de Deus,

ensinados tão claramente nas Escrituras, são os elementos que integram

a conversa santa e a meditação proveitosa.

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