O companheirismo faz parte da natureza humana e, portanto, é uma
necessidade no ser humano. Ninguém gosta de estar isolado, a não ser
que tenha ou esteja enfrentando algum problema psíquico. Fomos criados
por Deus para vivermos em sociedade e, isto, a partir da família,
estendendo-se por diversos segmentos sociais.
Não houvesse o pecado no mundo isto seria sempre saudável. No entanto,
com a entrada do mal no coração do homem, o companheirismo passou a ter
que ser muito bem administrado por causa das más influências que sempre
levam à corrupção de indivíduos e da própria sociedade e sempre com
conseqüências desastrosas para todos.
Precisamos respeitar a todos, as individualidades, precisamos amar
nosso semelhante, mas a Bíblia é muito clara em mostrar que precisamos
administrar muito bem o nosso companheirismo. E é da Bíblia que
retiramos alguns princípios básicos para que sejamos bons companheiros
e para que vivamos somente em boas companhias.
PARA SERMOS BONS COMPANHEIROS PRECISAMOS PRATICAR O AMOR – Ef 5:2
O apóstolo Paulo, escrevendo aos crentes de Éfeso, estava preocupado
com o companheirismo deles com pessoas sem Cristo Jesus, sem a nova
vida em Cristo. Ao invés de andarem como era conveniente a santificados
em Cristo, ainda estavam se deixando levar pelas más influências de uma
sociedade corrompida pelo pecado. Por isso, em determinado ponto de sua
carta escreveu recomendações diretas sobre a necessidade de viverem
fora do companheirismo de pessoas que viviam entregues ao pecado. No
entanto, primeiramente exorta a uma atitude positiva que é capaz de
anular toda a influência do mal sobre nós, crentes em Cristo:
Precisamos andar em amor. Mas, que tipo de amor? O homem tem deturpado
tanto o que é o amor e as manifestações de amor que não conseguiríamos
andar em amor se nos guiássemos pelo padrão humano. Por isso o apóstolo
define o amor no qual devemos viver como sendo o mesmo amor que Cristo
dedicou a nós. Um amor de entrega pessoal para a salvação; entrega em
oferta e sem interesses pessoais; uma oferta de sacrifício pessoal a
Deus.
Esta é a chave positiva e prática para sermos companheiros que levam à
salvação, companheiros que ajudam a edificar, companheiros que ajudam a
caminhar firmemente em atitudes benignas para com nosso Deus e para com
nossos semelhantes. Quem ama para a salvação; quem se entrega sem
interesses pessoais, porém em oferta; quem dedica sua vida em
sacrifício pessoal para Deus será sempre um crente fiel e dedicado em
servir a Deus e, por isso, será sempre um companheiro que poderá
influenciar, ajudar, e caminhar junto com outros positivamente na
igreja de Cristo.
PARA DESFRUTARMOS DO BOM COMPANHEIRISMO PRECISAMOS RECONHECER QUE SOMOS
SANTOS – Ef. 5:3-5
Santificação é condição primordial para herdarmos o reino de Deus. Em
Romanos 6:22 lemos: “Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos
de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida
eterna.” Santificação é separação para Deus, é consagração para Ele.
Sem santificação ninguém verá a Deus (Hebreus 12:14). A santificação
começa na nossa eleição, na nossa escolha para sermos salvos, quando
cremos em Jesus como o unigênito Filho de Deus que nos foi dado para
termos a vida eterna (João 3.16). No momento em que cremos em Jesus,
Deus nos separa para Ele, para sermos herdeiros do Seu reino; através
do Seu Espírito, nos faz nascer de novo como novas criaturas e, assim,
naturalmente separados da humanidade sem Cristo. Conseqüentemente a
santificação precisa ser uma realidade constante na vida do crente, uma
realidade reconhecida e, também, praticada.
Daí o apóstolo Paulo nomear diretamente atos e atitudes que
caracterizam o mundo sem Cristo, o mundo que vive sem santificação. O
crente em Cristo precisa reconhecer que existem coisas que não são
convenientes aos santos (v. 3) e que não devem nem mesmo serem faladas,
nomeadas como existentes no seio da igreja. Os atos e atitudes
apontados pelo apóstolo Paulo são os seguintes: a) As imoralidades
sexuais (porneia) tanto na prática quanto nos pensamentos; b) As coisas
não purificadas também no sentido cerimonial (akatartos); c) A avareza
(pleonexia) – desejo ávido de cada vez possuir mais coisas, cobiça; d)
As torpezas (aiscrotes) – as obscenidades, as conversações imorais; e)
As parvoíces (morologia) – as conversas tolas; f) As chocarrices
(eutrapelia) – o humorismo de baixo calão, imoral, as galhofas. Tudo
isto faz parte do mundo sem Cristo, tudo isto é característico de quem
está entregue ao pecado, de quem não tem herança no reino de Cristo e
de Deus (v. 5). Nada disto pode fazer parte da vida de quem é herdeiro
do reino de Deus, dos crentes em Cristo. Consequentemente, também não
pode fazer parte da Igreja de Cristo.
PARA VIVERMOS UM COMPANHEIRISMO SANTO PRECISAMOS SER SÁBIOS – v. 6-17
O alerta do apóstolo Paulo continua soando em nossos corações:
“Portanto, vede prudentemente como andais, não como tolos, mas como
sábios...” O crente em Cristo precisa ser sábio. Precisa pensar como
sábio, precisa sentir como sábio, precisa agir como sábio.
Reconhecer a própria santidade e discernir a diferença entre o fruto do
Espírito (v.9) e as manifestações de impureza do mundo (v. 3-5), é
questão de sabedoria, de pensamento sábio. O apóstolo Paulo exorta os
crentes a exercerem sabedoria nos seguintes aspectos:
1. Não nos deixarmos enganar por palavras destituídas de verdade –
kenos – (v. 6). Os maus companheiros, que se deixam levar pelo pecado,
que praticam iniqüidades pelas quais a ira de Deus vem sobre eles,
sempre tentarão persuadir pessoas a se comportarem como eles e sempre
utilizarão palavras mentirosas, destituídas de verdade, já que as
querem como suas companheiras. Isto até mesmo porque a luz incomoda as
trevas e, ao invés de desejarem viver na luz, preferem arrastar outros
para as trevas com eles. Precisamos de sabedoria para conhecermos a
Palavra de Deus e para rejeitarmos o que é destituído de verdade.
2. Não sermos companheiros deles – v. 7-13. Evitar o companheirismo com
os que insistem em viver praticando o pecado, pensando no pecado,
gostando do pecado, divulgando o pecado, é questão de sabedoria. Saber
que a amizade do mundo é inimizade contra Deus é questão de sabedoria.
Se temos que conviver porque estamos no mundo, porque trabalhamos,
estudamos, vivemos no mundo, que seja para influenciarmos anunciando o
evangelho, amando o nosso semelhante, mas nunca como companheiros, como
cúmplices (v. 11) das suas pecaminosidades, das obras das trevas,
porque precisamos andar como filhos da luz. E, como tais, precisamos
condenar as obras das trevas porque a luz tudo manifesta e,
manifestando, as condena.
3. Não sermos insensatos – v. 14-17. A sensatez é atitude de sabedoria
interior que sempre se exterioriza em posicionamentos definidos e
corretos dentro dos padrões benignos para o ser humano e toda a criação
divina. Precisamos ser sensatos para desfrutarmos de um companheirismo
benigno e precisamos manifestar nossa sensatez: a) Levantando-nos de
entre os mortos – o mundo jaz no maligno e não podemos ficar inertes no
mundo, convivendo com o mundo como mortos, porém como vivificados em
Cristo Jesus; b) Andando com prudência – A nossa vida é uma caminhada
que se estende desde o nascimento até a morte. Precisamos andar neste
mundo apodrecido pelo mal com muita prudência; c) Remindo o tempo – os
dias são maus e precisamos ser sensatos em resgatar o tempo que nos
resta. Se os dias são maus, precisam ser resgatados para se tornarem
bons; d) Entendendo qual seja a vontade de Cristo – Se entendermos,
como bons crentes, como bons mordomos, as praticaremos. Se as
praticarmos naturalmente não seremos companheiros dos que vivem nas
trevas, dos que querem trazer as trevas para dentro das igrejas, dos
que desejam nossa cumplicidade em suas práticas pecaminosas e ainda
seremos bons companheiros na Igreja de Cristo e, fora da igreja,
daqueles que têm o temor de Deus, que não querem viver no pecado e que
buscam a luz de Cristo.
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Postado por Pr Dinelcir de Souza Lima no Entenda a Bíblia em 11/18/2009
(Extraído da revista DOUTRINA BÍBLICA DA MORDOMIA, 12a. edição,
publicada por Edições Vida em Cristo, Rio de Janeiro, RJ, de autoria do
Pr Dinelcir de Souza Lima)
