Missões, antes que seja tarde demais - Geremias Bento

No plano de Deus, missões tem que ser uma realidade tão presente em nossas vidas como necessitamos da água, alimento, roupa e moradia. Da mesma forma que ansiamos pela salvação, devemos desejar fazer missões. A igreja se desenvolveu nos três primeiros séculos, porque era latente na vida de cada convertido a necessidade de se multiplicar.

Na minha mente passo ver os milhares de cristãos, no tempo dos apóstolos e pais da igreja, andando de um lado para outro, levando a semente preciosa aos vizinhos, colegas de trabalho, pessoas próximas e distantes. Como diz a Palavra de Deus, a igreja crescia, ao ponto das autoridades, insufladas pêlos inimigos do evangelho, tentarem todos os recursos para estabelecer-se um controle no avanço dos missionários daquela época. A igreja ia de casa em casa, vivia pelas catacumbas, as cavernas eram um bom santuário para a celebração dos convertidos. Nada podia arrefecer o avanço missionário da igreja. Tentaram tudo. Perseguições, prisões, fogueira, mortes, açoites, apedrejamentos e outros tantos tipos pressões. Em meio a essa convulsão toda a igreja cumpria o seu papel. O ide de Jesus era cumprido na medida em que a igreja ia seguindo sua marcha em direção às portas do inferno, mas no Século IV, aconteceu um fato na história, da humanidade que afetou a igreja em sua missão e visão missionárias. “Converte-se um homem chamado Constantino, Imperador Romano, imediatamente ordenou que todo o seu exército fosse transformado “cristão” e, isso aconteceu pelo batismo e não pela experiência pessoal do novo nascimento. A igreja foi estatizada. Deixou de ser apenas organismo, para ser reconhecida como organização. Templos foram construídos, pelo estado. Agora a igreja estava controlada. Podiam saber quantos eram, onde estavam, o que pensavam e, quais eram seus projetos. A igreja foi inclasurada em quatro paredes, lindas e ornamentadas paredes, mas que de certa forma isolou o mundo daquele grupo crescente. O Ide, virou Vinde e, hoje estamos esperando que as pessoas venham a nossas celebrações. O campo missionário passou a ser dentro de nossos templos, ou melhor, nos púlpitos.

Tenho andado por esse Brasil e, Deus tem me dado muitas oportunidades de ver e sentir que a presença da igreja ainda está sendo esperada. Gostaria de destacar o que está acontecendo na Zona Rural. O número de acampamentos dos Sem Terra, tem se multiplicado cada vez que passo por regiões rurais. Quando o movimento surgiu, era visível a presença de três coisas marcantes. A Bandeira do Brasil, a Cruz e a Bandeira do MST. Hoje os dois primeiros símbolos, desapareceram, ficando apenas a identificação de Movimento dos Sem Terra. Por que estou colocando esse assunto? Para mostrar que é urgente um avanço missionário em nosso País. Segundo o IBGE, o ateísmo cresceu 350% nos últimos dez anos e, a maior concentração encontra-se nos assentamentos. Entendo que devemos estabelecer um projeto de missionários que percorram os acampamentos, antes que o acampado seja assentado.

Necessitamos chegar mais rápido. Estamos demorando demais. Há muitas maneiras de se fazer missões. Uma delas é estabelecermos mais projetos sociais. Visitei uma família na Região Amazônica e, ao chegar me deparei com quadro chocante. Uma jovem adolescente havia fraturado uma perna e a quebradura era exposta. A família procurou resolver a coisa em casa mesmo. O acidente havia acontecido a mais de uma semana e, a residência estava a 21 quilômetros da rodovia, entendi que deveria ajudar aquela moça. Cortei duas varas alguns cipós, fiz uma padiola de arrastar e trouxemos a adolescente até a rodovia. Esperamos umas três horas debaixo de uma árvore até passar um caminhão. Resultado a jovem foi operada antes que a perna gangrenasse e, as portas se abriram para o evangelho. Toda a família se converteu.

O Senhor Jesus, não sugeriu fazer missões Ele, ordenou que o trabalho fosse feito. Creio que poderíamos estabelecer o IDE como uma ordenança, para ser cumprida, sem questionamento. Aliás, se dizemos que Jesus é Senhor de nossas vidas, por que questionamos suas ordens? Deixar de fazer missões é uma atitude de rebeldia e insubordinação. No Evangelho de João, Jesus disse que, “... Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós.” Entendo que o que tem levado o povo de Deus a se manter distante de sua missão é na realidade a falta de entendimento do que Jesus disse. Se entendermos que ser igual a Ele, significa assumir exatamente sua missão e, isso num estado de total esvaziamento, humildade e submissão, não nos cansaremos até que a última pessoa na face da terra ouça falar de Jesus. A igreja precisa sair das quatro paredes. Li numa igreja no estado de São Paulo, na saída do templo no lado de dentro sobre o umbral da porta principal a seguinte: ”Porta de entrada para o campo missionário.” Se aquela igreja aplicar o que lê cada vez que sai do santuário, mesmo que esteja retornando para casa, certamente será uma igreja em cuja lista de membro pode ser colocada a identificação junto a cada nome a palavra Missionário. O Brasil é muito grande e necessita ser alcançado, se alcançarmos os brasileiros, alcançaremos o mundo. Lembre-se, não é um pedido de favor que Jesus faz, mas sim uma ordem. “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho, e do Espírito; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.” (Mt. 28: 18 e 19) “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!”

Geremias Bento
Texto produzido quando eu estava na JMN
http://www.geremiasbento.net/news.php?readmore=15