O QUE É O STRESS?
STRESS é o indicador que define a pressão máxima que um organismo agüenta sem se deformar. A palavra STRESS foi emprestada da engenharia, e está sendo usada para designar o desequilíbrio do organismo humano, em sua dimensão bio-psíquica, como resultado do esforço que este organismo empreende para adaptar-se às pressões internas e externas que sofre.
OS FATORES ESTRESSANTES Estas pressões internas e externas podem ser chamadas de “fatores estressantes”, que nada mais são do que informações que exigem uma resposta mental ou orgânica. Ser demitido, por exemplo, ou receber um aumento; o divórcio, ou a preparação para o casamento; a iminência do Vestibular, ou o início da graduação universitária. Qualquer mudança que implica em adaptação pode ser chamada de “fator estressante”. Especialmente num mundo em convulsão, com múltiplas mudanças e em processo aceleradíssimo, o ser humano contemporâneo vive sob constantes desafios de adaptação. O conceito de analfabetismo mudou: quem não domina a informática está privado do universo de comunicação. O próprio universo de comunicação mudou: vivemos hoje numa aldeia global, bem maior do que o que cabe na telinha da TV que monopolizou as informações até agora. O mundo está “on line”. As exigências para se conseguir um lugar ao sol no mercado implicam em que cada dia surgem novas competências que devem ser adquiridas por profissionais de todas as áreas. A complexidade moral e cultural de nossa sociedade exige dos pais um malabarismo enorme para que eduquem seus filhos da maneira mais saudável possível. As novas configurações familiares impõem sobre os casais reajustes na estrutura de seus relacionamentos: casamentos não chegam ao destino no piloto automático. Enfim, os fatores estressantes são intensos e inúmeros. Vão desde o tráfego que nos faz atrasar para uma reunião importante, passando pelos corredores dos hospitais onde aguardamos notícias de pessoas queridas, chegando até a angústia existencial de quem busca respostas para a aventura de viver.
A DINÂMICA DO STRESS Diante destas pressões, surge o desequilíbrio do organismo a que damos o nome STRESS. Trata-se de um desequilíbrio do complexo bio-psíquico, porque o esforço de adaptação acontece na dinâmica interativa entre os mecanismos orgânicos e as estruturas mentais de processamento de informação. Em outras palavras, tanto o cérebro, em sua composição e sua química, quanto à postura diante da vida e os mapas mentais adquiridos, determinam a capacidade de resistência do organismo às pressões.
Como afirmou Shakespeare, “as coisas raramente são boas ou más, nosso pensamento é que as faz assim” Nesse caso, a mesma informação significa coisas diferentes para pessoas diferentes. Onde uma pessoa vê um problema, outra pessoa vê uma oportunidade.
O cérebro, enquanto organismo, não sabe distinguir se a ameaça que lhe foi comunicada pela mente é real ou imaginária. Isto é, o cérebro, quando informado que existe um fantasma na sala ao lado, descarrega adrenalina na corrente sangüínea e ativa todos os mecanismos de defesa do organismo. Ele não questiona se fantasma existe ou não, sua função é preparar o organismo para reagir a uma ameaça, e se a mente acredita que a ameaça existe, o cérebro não discorda.
A ANATOMIA DO STRESS
(Arthur Cukiert, neurocirurgião, e Marcio Bernik, psiquiatra, citados na Revista VEJA, Edição 1556, Julho de 1998, na matéria PRESSÃO DEMAIS.
1. Uma vez que chega ao cérebro uma informação, notadamente aquelas interpretadas como ameaças ao organismo, o cérebro, como mecanismo de defesa, ordena uma dose extra de adrenalina na corrente sangüínea
2. Esta dose extra de adrenalina altera a química cerebral, especialmente dos neurotransmissores: dopamina, noradrenalina e serotonina, responsável pelo fluxo de informações que desencadeia as ordens que o cérebro dá ao restante do organismo.
3. Com as informações distribuídas pelo organismo, aumentam as velocidades psicomotoras, de pensamento, e atenção, multiplicando as possibilidades e potências das respostas às ameaças percebidas.
4. O organismo sofre alterações em sua rotina, preparando-se para agir imediatamente:
(1) o ritmo da respiração fica mais rápido, para manter a oxigenação do sangue;
(2) as artérias se contraem, para reduzir o suprimento de sangue nos órgãos vitais, os músculos ficam tencionados e recebem uma quantidade de sangue acima do normal;
(3) os batimentos cardíacos se aceleram, como forma de potencializar a irrigação sangüínea de órgãos vitais do organismo, entre eles o cérebro, os músculos e os pulmões;
(4) os rins passam a funcionar com mais intensidade, para eliminar a carga extra de toxinas.
5. A constância do STRESS provoca alterações na química do cérebro em suas estruturas mais profundas, sobretudo no sistema límbico, responsável pelas emoções). Estas alterações são tão intensas que afetam inclusive os padrões de comportamento. A pessoa tranqüila e bem humorada pode tornar-se irritada e nervosa. As disfunções podem culminar em desmaios, depressão, crises de pânico e ansiedade generalizada. Além disso, a sobrecarga do organismo, que passa a viver em estado de alerta, resulta em úlceras, infartos e outros males ainda mais danosos a longo prazo.
RESPOSTAS AO STRESS Considerando que o STRESS é o desequilíbrio do complexo bio-psíquico, as respostas devem se adequar a estas dimensões. Por exemplo, é sabido que a quantidade de serotonina no organismo humano é de 1,1 milésimo de grama, medida pequena inimaginável. Mas, também há acordo científico quanto ao fato de que a serotonina é um dos mais importantes veículos de impulsos nervosos entre os neurônios, responsável por fazer com que o cérebro comande o organismo adequadamente. Por esta razão, a serotonina é chamada de “molécula da felicidade”. Imagine que por alguma razão, seu organismo não esteja produzindo a quantidade de serotonina necessária ao bom funcionamento do seu sistema nervoso. Você começa a ficar irritado, depressivo, e até mesmo é capaz de entrar em pânico. As pessoas com quem você convive começam a dizer que você deve “ter mais fé e confiança em Deus” ou deve aprender a “controlar melhor seu temperamento”. Em outras palavras, elas tratam o seu comportamento como resultado de uma incapacidade psíquica emocional, mas na verdade, seu comportamento é resultado de uma disfunção orgânica, química. A resposta adequada nesta situação não é “fé” ou “domínio próprio”, mas sim uma medicação adequada, capaz de reequilibrar a química do seu cérebro e devolver a você a capacidade do exercício da fé e do autocontrole. Por outro lado, imagine que você começou a alimentar seu cérebro com informações negativas, imaginárias ou reais. Você abriu um arquivo na sua mente e deu o nome de “lixo psíquico”. Ali, você começou a armazenar registros de mágoas, perdas, prejuízos causados ou sofridos, ameaças de sobrevivência, más notícias diárias, e outras porcarias que deveriam ter sido equacionadas e jogadas fora. Estas informações negativas ativam os mecanismos de defesa o cérebro, que passa a funcionar sob pressão e aos poucos vai sofrendo abalos na estrutura química. Em pouco tempo, aquilo que era inicialmente uma postura mental inadequada torna-se também um desequilíbrio orgânico. A partir desse ponto, as duas coisas: a química do cérebro e as estruturas psíquicas, passam a se retro-alimentar. Sendo assim, a resposta ao STRESS deve contemplar tanto a questão orgânica quanto a realidade mental. Quem deseja combater o STRESS deve aprender o valor do comprimido prescrito e do pensar corretamente.
STRESS E ESPIRITUALIDADE A religião se ocupa também de ensinar a pensar corretamente. Por esta razão o apóstolo Paulo ensinou que “tudo o que é verdadeiro, tudo o que honesto, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo quanto é virtuoso e deve receber louvor”, isso é o que deve ocupar nosso pensamento (Filipenses 4.8). Salomão, o sábio Rei de Israel, observou o que os neurolinguístas modernos consideram descoberta de pólvora: “Como o homem pensa, assim ele é” (Provérbios). A razão pela qual a espiritualidade é peça imprescindível no quebra-cabeça da qualidade de vida é que a fé afeta radicalmente a maneira como encaramos a vida e reagimos aos desafios que o direito de viver impõe.
Esta relação entre fé e vida pode ser compreendida de três maneiras. O pensamento positivo, o poder da fé, e o poder de Deus. Quando uma pessoa desenvolve mapas mentais positivos e favoráveis a si mesmo, torna-se mais confiante e estimulada, resultando em processos orgânicos mais saudáveis que transmitem sensações de bem estar que potencializam as capacidades de ação e possibilidades de reação. Naturalmente, colhe mais êxitos do que as pessoas pessimistas e derrotadas antes do jogo começar. Há também o poder da fé. Quando alguém acredita em algo considerado superior ao si mesmo, de igual modo vive com maior expectativa de possibilidades satisfatórias, e age com mais segurança, julgando-se protegida pelo objeto de sua fé. Por exemplo, quem acredita que as realidades se tornam favoráveis em razão de andar com um amuleto na bolsa ou quem acredita que o Santo vai ajudar a arranjar emprego, comporta-se muito melhor na entrevista. O êxito não se explica pelo poder do santo ou do amuleto, mas sim pelos resultados da fé em si mesma. Finalmente, há o poder de Deus acessado pela fé. Nesse caso, as duas coisas cooperam entre si: o poder da fé e o poder de Deus. Por um lado, creio, e o ato de crer já me coloca no andar de cima das possibilidades. Mas, fundamentalmente, creio em Deus e me relaciono com Ele, de modo a receber ajuda de alguém além de mim mesmo, que me transcende e me abençoa. Tanto sou abençoado pela fé, como pelo mundo ao qual tenho acesso através da fé. A Bíblia ensina que “sem fé é impossível agradar a Deus, pois é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11.6). Observe que a fé em Deus gera um ato, busca, correspondido por Deus, pois Deus existe mesmo. Nesse caso, não se trata apenas de fé na fé, ou dos benefícios inerentes ao ato de crer, mas sim e principalmente dos benefícios contidos no objeto da fé: Deus. Não se trata apenas de manipulação de processos mentais que qualificam a química do cérebro, mas de um relacionamento real com Deus, relacionamento este pleno de possibilidades. Em outras palavras, o ato de crer, as realidades em que se crê, e especialmente em quem se crê, são os fatores que mais definem o jeito de viver. Valores e convicções fornecem o fundamento para a vida. O Salmo 23 apresenta um homem que crê. Apresenta também as convicções mais profundas sobre as quais este homem caminha enquanto anda pela vida. Mas, acima de tudo, o Salmo 23 apresenta o Deus deste homem, o objeto real de sua fé, de modo que suas expectativas para a vida não estão assentadas apenas em suas convicções ou sua capacidade de crer, mas especialmente no seu relacionamento com Deus: “O Senhor é o meu Pastor, nada me faltará”. O Salmo 23 apresenta um homem seguro e descansado. Sabe que encontrará pela frente “pastos verdes e águas tranqüilas”, caminhará sobre “veredas justas”, superará o medo dos “vales da sombra da morte e de quaisquer adversários”, enfrentará o futuro com certeza de que será alvo de bondade e misericórdia. Não é uma questão de otimismo ou pensamento positivo. Não é apenas uma questão de esperança ou condicionamento mental. As convicções deste homem não estão baseadas na fé ou na mente, mas no Pastor que guia, provê, acompanha, livra e age amorosamente. Mais do que auto-ajuda, o ser humano precisa de alto-ajuda. E a ajuda do alto é prometida para todos aqueles que buscam a Deus com fé. Mais do que desenvolvimento de suas capacidades, controle de suas faculdades mentais, ou esclarecimentos sobre seus processos mentais, o ser humano precisa de um relacionamento vital com alguém que seja maior do que ele, e de quem possa depender para lidar com o que o transcende. O Salmo 23 é, portanto, o extraordinário relato que aponta os segredos do relacionamento com o Bom Pastor. Este salmo será nosso guia para reflexões sobre O STRESS E A ESPIRITUALIDADE.