lição 6 - O MUNDO, A CARNE E O DIABO.

STRESSBUSTERS As sete principais causas do stress. As sete afirmações do stressado. As sete respostas do Salmo 23 Causa # 6 do Stress: Os adversários

O MUNDO, A CARNE E O DIABO.

Os adversários são a sexta grande causa do stress. O estressado vive dizendo: “estou com medo”. O Salmo 23 nos ensina a dizer: “Preparas uma mesa perante mim”.

A Bíblia é “Cristocêntrica”. Não importa qual seja o livro da Bíblia onde você está, o capítulo ou versículo, ou assunto tratado, você precisa colocar sobre esta sua leitura a lente de Cristo, e interpretar toda a Escritura à luz da pessoa de Cristo, e do que Cristo tem a ver com aquilo que você está estudando.

Evidentemente, quando o salmista escreveu “meus inimigos”, ele não pensava nos mesmos inimigos que hoje entendemos existir. Entretanto, precisamos pensar assim porque o Novo Testamento nos instrui desta maneira. Colocando a “lente Cristo” sobre o texto, encontramos inimigos não necessariamente referidos pelo salmista.

Dentre as figuras possíveis, a peregrinação espiritual cristã pode ser comparada com uma batalha. O cristão é um soldado em combate contra terríveis inimigos. O Novo Testamento ensina que os cristãos têm três grandes inimigos: o mundo, a carne e o Diabo. Vamos a eles, um pôr um.


Inimigo # 1 do cristão: o Diabo.

Quem é o Diabo?

O Diabo é apresentado na Bíblia como um anjo rebelde. Ele não é um deus em oposição a Deus. Ele é um anjo criado, e está no degrau de baixo, aliás, muitos e muitos degraus abaixo do status da divindade.

Algumas pessoas perguntam sobre quem criou o Diabo. Minha resposta é a seguinte: Deus criou Lúcifer e Lúcifer “criou” o Diabo. Deus criou um anjo, e o anjo se rebelou contra o Criador. Deus criou um anjo e o anjo “criou” o Diabo. Esse anjo afrontou a autoridade de Deus, e desejou sentar-se no trono de Deus (Isaías 14.12-14). A Bíblia chama esse anjo de Acusador, Maligno, homicida, pai da mentira, Adversário dos cristãos e deus deste século.

O Diabo é um ser espiritual com inteligência, vontade e poder, e tem consigo um exército de espíritos malignos que chamamos de demônios. O Diabo não é uma força. O Diabo não é a negação do bem. O Diabo não é o lado ruim do ser humano. O Diabo é um ser espiritual, é uma personalidade, ele existe independentemente de você achar que ele existe. Ele age, você crendo ou não crendo. Ele existe de forma autônoma a você. O Diabo, para existir não depende de você.

O interesse do Diabo a seu respeito é a sua destruição completa. Ele é aquele que a tudo quer chamar de “eu”. Ele é um “bicho come-come maligno”. Esta é uma boa figura para o Diabo: ele quer engolir tudo e incorporar todas as coisas à sua própria personalidade. Nesse ponto, ele é a antítese de Deus, muito embora colocar alguém como a antítese de Deus seja elevar demais o patamar desse alguém. Deus, na Bíblia, é aquele que se dá, é aquele que transborda de si, é aquele que compartilha o que é. O Diabo, ao contrário, é aquele que toma, aquele que suga, aquele que absorve ou pretende absorver tudo em si mesmo.

Como é que o Diabo age contra os cristãos? O Diabo age contra os cristãos basicamente de três maneiras. A primeira, e mais elementar das ações satânicas, é a tentação, quando o Diabo sugere o mal e nos seduz em sua direção. O Diabo propõe comportamentos, posturas, acessos, oportunidades. Tentação é o chamado do Diabo para que você ande na direção contrária da vontade de Deus.


A segunda maneira como o Diabo age é a opressão, quando o Diabo manifesta a sua incômoda e tenebrosa presença. O que quero dizer com isso é que nem sempre, quando estamos tentados, nós percebemos que estamos num conflito com o tentador. De vez em quando passa alguma coisa pela sua cabeça e você acha que é da sua cabeça. De vez em quando você tem um impulso numa direção e você acha que é um impulso seu. Pode ser que seja algo somente da sua cabeça, e pode ser que seja apenas um impulso da sua vontade, mas pode ser também um empurrãozinho do tentador.

Na opressão nós não temos dúvidas quanto ao fato de que o Diabo está agindo. A opressão é quando ele manifesta a sua presença, como disse Jó, ao afirmar que “um espírito passou pôr mim e arrepiou os pelos da minha carne”.

Quando as pessoas dizem: “Esse ambiente está carregado”, ou: “Fulano precisa de um descarrego”, é sinal de que a presença do Diabo se tornou perceptível. Isto é opressão.

É isso que o apóstolo Paulo está dizendo sobre seu “espinho na carne”, um “mensageiro satânico, que o esbofeteava” (2 Coríntios 12.7-10). O apóstolo Paulo não tinha apenas impressões ou percepções. Ele tinha contato direto, explícito e sensível com a presença satânica. Isto é opressão. Opressão, em outras palavras, é quando cai coisa de cima da mesa, bate porta, você escuta barulho de corrente arrastando pela sua casa. Ou então quando você é tomado de excessiva tristeza, ou sono, ou dores no corpo, pavores aparentemente insuperáveis. Se você não passou pôr isso, saiba que tem muita gente que passa. Se você nunca passou pelo fenômeno de ver pessoas na sua sala, saiba que tem muita gente que vê. Se você nunca passou pela experiência estar no seu quarto, e abrir-se a porta e entrar uma senhora, sentar-se à sua cama, conversar com você e ser uma senhora que já faleceu há três meses saiba que tem muita gente que passa pôr isso. Isso é opressão.

A terceira maneira como o Diabo age contra os cristãos é a chamada demonização, que erroneamente está na boca do povo como “endemoninhamento”. Não existe o endemoninhado, existe o demonizado. O que é o demonizado? O demonizado é aquele que está sob a influência e, às vezes, sob o controle do Diabo.

Nenhum cristão é propriedade do Diabo. Nenhum cristão pode ser possuído pelo Diabo. Fomos transportados das trevas para a luz, sobre nós habita o Espírito Santo de Deus e nós estamos selados como propriedades exclusivas de Deus. Mas nenhum cristão está isento à influência e ao controle eventual, ainda que indesejado, do Diabo.

Quando Ananias e Safira ofereceram uma oferta mentirosa aos pés dos apóstolos, são repreendidos de imediato pelo apóstolo Pedro com as seguintes palavras: “Por que vocês deixaram o Diabo encher o coração de vocês?” (Atos 5.3). A Bíblia na Linguagem de Hoje traz a tradução: “Por que você deixou o Diabo dominar o seu coração?” Lembra-se do conselho do apóstolo Paulo à respeito de não dar lugar ao Diabo? (Efésios 4.30) O que aconteceu com Ananias e Safira é que deram lugar ao Diabo, e o Diabo encheu o lugar que deram.

O que significa o Diabo encher o lugar que damos? Significa não apenas ele exercer a sua grande influência, mas inclusive exercer controle, razão pela qual a tradução da Bíblia na Linguagem de Hoje é “por que você deixou Satanás dominar o seu coração?”

Alguém poderia dizer que Ananias e Safira não eram cristãos. É uma fuga razoável de encarar o ensino bíblico. Podemos, então, ler o conselho de Paulo a Timóteo: “O servo do Senhor não deve brigar, mas deve ser delicado com todos. Deve ser um mestre bom e paciente, que corrige com bondade aqueles que são contra ele, pois pode ser que Deus dê a eles a oportunidade de se arrependerem e de conhecerem a verdade, e assim voltarão aos seu perfeito juízo, e escaparão da armadilha do Diabo, que os havia agarrado e os fazia obedecer às sua vontade” (2Timóteo 2.24-26).

Estamos numa epístola pastoral, avaliando um conselho de Paulo ao pastor de uma igreja local, a saber, a igreja de Éfeso. Paulo está recomendando que a ação pastoral de Timóteo para com aqueles que causam problemas dentro da igreja deve ser uma ação de brandura, de bondade, de paciência e de instrução, inclusive correção, para que eles se arrependam e voltem ao perfeito juízo, e escapem da armadilha, ou “dos laços do Diabo”, que os havia agarrado, “obrigando-os a fazer ou obedecer à sua vontade”.

Este é um texto da Bíblia que nos diz que alguns cristãos podem ser agarrados pelos laços do Diabo, e forçados a fazer a vontade do Diabo. Esse é o conceito de demonizado. Não é apenas estar sob influência do Diabo, mas é estar sob controle do Diabo.


Existe uma dimensão de nossos comportamentos pecaminosos que são explicados como “obras da carne” (Gálatas 5.19-21). Trata-se de uma ação sob sua responsabilidade, resultado de sua vontade em rebeldia a Deus. Mas existe uma dimensão de comportamento pecaminoso que já não é mais explicado como “obra da carne”, mas como demonização. É quando o cristão peca, não porque está rebelde contra Deus, mas porque está em laço satânico, e está coagido e forçado a fazer a vontade do Diabo. Por isso é que há cristãos sendo usados pelo Diabo, sem perceberem que estão sendo usado pelo Diabo. Por isso é que há coisas que alguns cristãos fazem, e eles não fazem simplesmente porque querem fazer, mas fazem dizendo: “Eu não consigo não fazer... e já estou achando inclusive que quero fazer mesmo”. Pôr que? Porque a sua vontade está cativa ao controle e à influência do Diabo. E isso a Bíblia chama de demonização. É mais do que tentação, é mais do que opressão, é demonização. Acredito que este é um conceito novo para a maioria, que sempre achou que pôr ser cristã estava de “corpo fechado”.

Creio que a nossa segurança, enquanto cristãos, é que estamos garantidos para a vida eterna, mas enquanto estamos no mundo a guerra contra o Diabo não é uma guerra de mentirinha e nem de brincadeira. Quando a Bíblia diz que o Diabo quer nos destruir, ele quer mesmo. Quando a Bíblia diz que ele é o nosso adversário, ele é mesmo. E quando a Bíblia diz que ele pode ocupar lugar na sua vida que não pertence a ele, e que você não deve dar lugar ao Diabo, a Bíblia está falando em termos práticos e não filosóficos, psicológicos ou teológicos.

Quando a Bíblia diz que o Diabo é usurpador, invasor, enganador e sedutor, é porque ele é tudo isso mesmo. E quando a Bíblia diz que ele controla e influencia radicalmente, é porque sua atividade extrapola nossa percepção e invade nossa vontade.

Demonização é mais do que o Diabo sugerir você pegar a mala de dinheiro. É mais do que o Diabo sugerir você tomar mais um copo.

O cristão deve, portanto, enfrentar o Diabo baseado em sua posição, comunhão e autoridade em Cristo Jesus. O que quero dizer com isso?

Os cristãos estão “assentados em Cristo, nas regiões celestiais” (Efésios 2.6), e suas vidas estão “escondidas com Cristo, em Deus” (Colossenses 3.3). Esta é a posição do cristão: em Cristo. Quem está acima de Cristo? Ninguém. Que posição ocupa o cristão no reino espiritual? Em Cristo. Quem está acima de quem está em Cristo? Ninguém. Portanto, nenhum cristão deve dizer que está sob laço satânico contra sua própria vontade.

O Diabo tem na sua vida o espaço que você dá para ele, só esse. Porque a palavra de Deus também vai nos dizer que Jesus deu a você e a mim, como seus discípulos e seguidores, a autoridade que o Pai deu a Ele. Deus nos deu poder e autoridade (Lucas 9.1). A expressão da língua grega traduzida por autoridade é euxousia, e é uma palavra extremamente importante no Novo Testamento, pois traz um conjunto de significados. Traz não só o direito, a autorização, mas a capacitação para fazer valer o direito e a autorização que se tem. O que Jesus me deu quando me trouxe das trevas para a luz foi a sua euxousia, a sua autoridade. O que Ele me deu? Ele me deu o direito de viver na luz, Ele me deu a autorização para entrar na luz, e me deu a capacitação para viver na luz impedindo que o acusador venha contra mim e me devore. Eu digo “pára”, e ele pára. Porque não é a minha autoridade que faz com que ele pare, não é a minha autoridade que fecha portas para que o Diabo tenha lugar na minha vida, mas é a autoridade de Jesus que está sobre mim, e eu digo “em nome de Jesus, pára”. E ele pára. Esta é a euxousia de Cristo.

Nós cristãos, além da segurança da posição em Cristo, e da sua autoridade delegada a nós, devemos enfrentar o Diabo “revestidos de toda a armadura de Deus, fortalecidos no Senhor e na força do seu poder” (Efésios 6.10-13). Isso equivale dizer que nossa luta não depende apenas da nossa posição em Cristo, mas de nossa condição espiritual. Há determinadas prerrogativas que temos na vida cristã em função da nossa posição em Cristo Jesus, mas há determinadas dimensões de combate em que a vitória depende de nossa condição em Cristo.

Finalmente, devemos enfrentar o Diabo rendidos ao Espírito Santo de Deus, que nos dá discernimento, que nos enche de dons espirituais no momento do combate, que traz à nossa mente e ao nosso coração a palavra de Deus e que nos enche de convicção quanto à vitória de Cristo na cruz. Essa parceria do Espírito Santo, o Parácletos, o Deus que está ao nosso lado, é indispensável no momento do confronto.

Quero chamar sua atenção para o texto bíblico que diz: “Peguem agora a armadura de Deus. Assim, quando chegar o dia de enfrentarem as forças do mal, vocês poderão resistir aos ataques do inimigo, e depois de lutarem até o fim, vocês ainda continuarão firmes sem recuar” (Efésios 6.13). Preste atenção no que a Palavra de Deus está dizendo: “Pegue agora a armadura de Deus”. Para que? Para... “Quando chegar o dia de enfrentar as forças do mal”. Nós não estamos enfrentando as forças do mal 24 horas pôr dia, não estamos nesse confronto direto com os espíritos do mal 24 horas pôr dia. Mas há momentos em que estamos.

Assim é que a palavra de Deus conta que Jesus no deserto, e no seu período de jejum, foi tentado, mas tendo resistido ao tentador, diz a palavra de Deus que “o Diabo saiu da presença de Jesus, esperando uma ocasião mais oportuna para tentá-lo” (Lucas 4.13), esperando a brecha da vulnerabilidade, esperando a oportunidade, esperando a angústia nascer de novo, esperando a fraqueza aflorar. É como se o Diabo olhasse para mim e dissesse: “Se eu entrar agora vou perder tempo, ele está vigilante em oração. Vou esperar o dia em que ele vai dar uma fraquejada. Vou esperar ele fragilizar emocionalmente. Vou esperar ele entrar na fase ruim do casamento. Vou esperar o desemprego dele, aí eu coloco aquela grande oportunidade fraudulenta. Vou esperar a hora da fraqueza, a hora em que ele estiver se sentindo forte e abaixar a guarda. Quando ele abaixar a guarda eu entro”.

Pôr isso é que o apóstolo Paulo está dizendo: “peguem a armadura de Deus agora.. Revistam-se da armadura de Deus agora, e fiquem atentos”. E assim Jesus nos ensinou, a “vigiar e orar”.


Inimigo # 2 do cristão: o mundo

O que é o mundo, nosso adversário? A Bíblia apresenta três conceitos de mundo. Primeiro, o mundo natureza: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam” (Salmo 24.1).

O segundo conceito que a Bíblia traz de mundo é o “mundo humanidade”: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

O terceiro conceito bíblico de mundo é o “mundo sistema”, organizado contra a vontade de Deus e o povo de Deus: “Não tomem a forma deste mundo”, não entrem nestes sistemas, não se enquadrem nesse modus vivendi oposto à vontade de Deus (Romanos 12.2), pois... “O mundo passa”, essa presente ordem um dia vai acabar, de modo que o cristão não deve amar o mundo nem o que no mundo há (1 João 2.15-17). Este terceiro conceito, “mondo sistema”, é o nosso adversário. Não lutamos contra o mundo humanidade, nem contra o mundo natureza. Lutamos contra um sistema organizado contra a vontade de Deus, um sistema diabólico.

Este “mundo sistema” é nosso adversário pelo menos de três maneiras. Primeiro, em razão da violência com que se opõe às propostas de Deus, chegando inclusive a perseguir os cristãos (João 15.18-21). Quando Jesus fala que o mundo nos odeia, é que ele está organizado de maneira veemente contra a vontade de Deus, e contra aqueles que querem viver segundo a vontade de Deus. Esta é a razão porque o Senhor Jesus diz que somos bem-aventurados quando perseguidos pôr estarmos praticando a justiça (Mateus 5.11,12).

Em segundo lugar, o “mundo sistema” é nosso adversário porque exerce um fascínio que encontra eco em nossos apetites, e chegamos a considerar que o que no mundo há pode matar a nossa fome existencial. Por vezes, cansamos de esperar em Deus para a satisfação dos nossos desejos e necessidades, e acreditamos que o aproveitamento das coisas que o mundo oferece podem matar nossa fome. Mas a Bíblia ensina que tudo quanto abraçamos sem que nos tenha vindo de Deus jamais satisfará nossos apetites. Somente as veredas da justiça nos conduzem aos pastos verdes e águas tranqüilas.

E, em terceiro lugar, o “mundo sistema” é nosso adversário porque coloca sobre nossos ombros um peso existencial insuportável. Jesus diz: “Fiquem vigiando e orando sempre, para que não aconteça que os seus corações fiquem sobrecarregados com as orgias, bebedices e problemas da vida” (Lucas 21:33, 34). Veja que Jesus não está considerando a possibilidade de nos envolvermos em orgias e bebedices. Ele não está dizendo “vigiem, para que vocês não se vejam, em determinado momento, no meio de uma orgia”. Ele não está dizendo isso, mas Ele está dizendo que mesmo sem estarmos participando da orgia, nós podemos ter o nosso coração sobrecarregado pelas conseqüências da orgia.

Em outras palavras, se você fica olhando muito para este “mundo sistema”, ele entra na sua cabeça e você começa achar que a vida funciona daquele jeito, e que é impossível você ter uma família equilibrada no mundo de hoje, que é impossível você ter êxito na vida sem ser ladrão e trambiqueiro, e que é impossível você ganhar o pão de cada dia honestamente. Você começa a achar que a normalidade do mundo é aquela da tela da TV. “Cuidado”, disse Jesus, “cuidado, que essa coisa vai gerar um peso no seu coração e você vai desacreditar da vida. Cuidado, isso vai adoecer a sua alma, isso vai esmagar você, e você já vai começar a duvidar que é possível viver fazendo a vontade de Deus. Cuidado”.

Para vencer a batalha contra o “mundo sistema”, o cristão deve deixar-se transformar pela renovação do seu entendimento (Romanos 12.2). Pôr isso é Jesus diz: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8.32). A renovação do nosso entendimento, da nossa mente conformada à mente de Cristo e não conformada ao mundo, vai nos fazer enxergar a realidade como ela é de fato, e vai trazer o discernimento necessário para não nos deixarmos seduzir pelo “mundo sistema”.

Além de deixar-se permear pela palavra de Deus, nós cristãos devemos combater o mundo buscando toda nossa satisfação em Deus, recusando-nos a beber água de chuva em cisterna rachada, mas bebendo da água viva que Deus colocou dentro de nós, a saber, o Espírito Santo (Jeremias 2.12,13; João 7.37-39).

Que combate é esse, tão desesperador? O combate desesperador é o combate que acontece entre o despertar do desejo, o surgimento da necessidade, e a satisfação em Deus. No meio do caminho nós somos tentados, atraídos, e convidados a sair das veredas da justiça, encontrarmos atalhos e nos satisfazermos naquilo que não é Deus e naquilo que não vem de Deus. Parece ser esse um combate sem tréguas.

É como se disséssemos: “Preciso de alguma coisa, anseio alguma coisa, mas não creio que se continuar andando na luz essa necessidade vai ser satisfeita. Não creio que se continuar pelas veredas da justiça, Deus vai satisfazer meu desejo e suprir minha necessidade”. Essa é a nossa maior batalha.

Não se trata apenas de desejos ilícitos, mas também de desejos lícitos. Pôr exemplo, o pão de cada dia. Não é apenas um desejo, é uma necessidade. O que é que eu faço? Espero em Deus ou vou à luta? Sacrifico minha consciência para prover o pão ou espero por Deus? Nesse intervalo do coração carente, da necessidade de afeto, com conta para pagar, com o mercado extremamente competitivo, nós olhamos lá no horizonte e vemos que Deus nem deu sinal ainda, mas o coração está clamando e gritando. Aí, você olha em volta e vê esse “mundo sistema” dizendo: “Rapaz, toma um copo que isso passa. Toma uma Kaiser antes”. “O teu casamento ele já tá ruim já bem uns quinze anos, hein? Até consertar isso aí, hã, vai demorar demais. Pega um atalho”...

Dá para entender o que é a pressão do mundo e o que é uma cisterna rachada com água de chuva? Na minha experiência pessoal, o “mundo sistema” é pior do que o Diabo. O Diabo, a gente manda embora, mas o mundo, o mundo nós vamos continuar dentro dele.


Inimigo # 3 do cristão: o carne

Dentre os muitos sentidos possíveis, a palavra carne na Bíblia, pode ser interpretada como a natureza humana independente de Deus. Carne é o centro da nossa identidade, carne é o âmago do nosso ser que, quando está separado de Deus, está morto e não pode agradar a Deus.

Mas quando nós somos reconciliados com Deus, Deus nos dá vida, e nos dá seu Espírito Santo (Romanos 8.4). Mas a carne ainda existe. Ela já não está mais morta e já não está rebelde a Deus, mas ela existe.

Pôr isso é que, nós cristãos, lutamos na carne contra o Espírito. A carne é a nossa natureza humana, que pode se rebelar e pode se render. A carne tem um pendor para atender a sugestão do Diabo e buscar sua satisfação no mundo: “Vocês, foram chamados para serem livres, mas não deixem que essa liberdade se torne uma desculpa para se deixarem dominar pelos desejos humanos” (Gálatas3.1).

Mesmo convertidos, continuamos com nossos apetites, e a carne ainda está lutando contra o Espírito, para não fazer a vontade Deus. Mas a Bíblia nos ensina como lutar contra esse pendor.

Em primeiro lugar, devemos nos render ao Espírito Santo de Deus. Somente quando somos guiados pelo Espírito é que conseguimos fazer a vontade de Deus: “porque a nossa natureza humana é contra o que o Espírito Santo quer, e o que o Espírito quer é contra o que a natureza humana deseja. Os dois são inimigos, pôr isso vocês não podem fazer o que querem. Porém, se é o Espírito que guia vocês, então vocês conseguirão vencer os apetites da carne” (Gálatas 5.16,17).

Em segundo lugar, devemos agir diligentemente para equivaler nossa posição em Cristo com a nossa condição em Cristo: “Vocês ressuscitaram com Cristo, passando da morte para a vida... Portanto, ponham o seu interesse nas coisas que estão no céu, onde Cristo está assentado no seu trono, ao lado direito de Deus. Pensem nas coisas lá do alto, e não nas que são aqui da terra ... porque vocês já morreram, e as suas vidas estão escondidas com Cristo, que está unido com Deus ... portanto, façam morrer os desejos deste mundo que agem em vocês”.

O cristão já morreu com Cristo, já foi transportado da morte para a vida, das trevas para a luz, e está em Cristo. Mas dentro do cristão ainda existem apetites e desejos. Mate isso, e dedique-se a Cristo. Faça com que a sua condição existencial seja coerente com a sua posição espiritual.

É possível que o cristão, cuja vida está em Cristo, viva olhando para baixo, ao invés de olhar para o alto. Sua condição: olhar para baixo está disforme em relação à sua posição: em Cristo. A Bíblia manda: olhe para cima.

Paulo, apóstolo, também diz que “sabemos que a nossa velha natureza pecadora foi morta com Cristo na cruz para que fosse destruída, e assim não fôssemos mais escravos do pecado, pois quem morre fica livre do poder do pecado” (Romanos 6.6,7). O ser humano que não está em Cristo, peca porque é pecador. Ele não é pecador porque peca, ele peca porque é pecador. O ser humano nas trevas, longe de Cristo, é um tuberculoso que tosse. Ele é tão culpado de pecar quanto o tuberculoso é culpado de tossir, porque ele tem uma natureza humana pecaminosa, e está escravo do pecado.

Quando nos reconciliamos com Deus e ocupamos posição em Cristo, Cristo nos cura da tuberculose. Mas ainda podemos tossir. Só que, quando tossimos, já não é mais porque somos incapazes de não tossir.

Veja a seqüência do ensino bíblico: “se já morremos com Cristo... que o pecado não domine os seus corpos mortais, fazendo que vocês obedeçam aos desejos da natureza humana”. Em outras palavras, “vocês podem viver sem tossir”, porque vocês estão em Cristo, e a natureza humana pecaminosa de vocês já morreu em Cristo. Mas, vocês têm uma natureza humana.

Façam com que esta natureza humana esteja rendida às mãos de Deus, ao invés de oferecida ao pecado, e também não entreguem ao pecado nenhuma parte do corpo de vocês, a fim de ser usada para o mal, ao contrário, entreguem-se a Deus como pessoas que foram trazidas da morte para a vida, entreguem-se completamente a Ele, a fim de serem usados para fazer o que é bom. Que o pecado não os domine, pois vocês não vivem debaixo da lei, mas debaixo da graça de Deus (Romanos 6).


CONCLUSÃO

Assim é, que lutamos contra o Diabo, contra o mundo e contra a carne. Essa guerra espiritual é estressante, uma vez que nela não há tréguas. De quando em vez, nos deparamos num confronto explícito com os espíritos do mal, mas estamos no mundo, sofrendo suas pressões, e temos ainda uma natureza humana, que reclama satisfações.

Entretanto, mesmo não havendo tréguas na guerra, a realidade na luta não deve se constituir o cerne da vida cristã. A vida cristã não é uma experiência caracterizada pôr ser contra alguma coisa, não é uma vida caracterizada pela abstinência de prazeres. A vida cristã é uma experiência de acesso a realidades plenamente satisfatórias.

Os inimigos existem e estão presentes, mas nossos corações estão ocupados com as delícias da mesa de Deus. “Preparas uma mesa perante mim, na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, e faz transbordar o meu cálice”.

Ovelhas possuíam diferentes inimigos: coiotes, lobos, pestes, abismos, e não podiam defender-se a si mesmas, dependiam do pastor. Assim é o cristão: jamais estressado pela realidade dos adversários, mas descansado à mesa do Bom Pastor. Na mesa do Bom Pastor encontramos segurança e satisfação, vinho e unção, prazer e restauração.

O problema dos cristãos não é necessariamente a realidade dos seus adversários: o Diabo, o mundo e a carne. O grande problema é que o Bom Pastor colocou uma mesa diante de nós, e nós não sabemos comer nessa mesa. Nós não sabemos acessar os prazeres e as delícias da mesa. Em outras palavras, nós não fomos instruídos a ter satisfação em Deus. Não aprendemos a comer na mesa de Deus, de tal maneira a beber do cálice transbordante e viver com a cabeça encharcada do óleo da benção e da unção de Deus?

Tenho orado insistentemente, e sei que tenho alguns amigos espirituais orando da mesma maneira, para que os cristãos experimentem o prazer da santidade, o prazer em Deus. Se está correta a afirmação de que “a melhor defesa é o ataque”, então o caminho da vitória contra o mundo a carne e o Diabo não está na dimensão da resistência e das tentativas de evitar tais realidades, mas sim na direção contrária. Ao invés de focalizarmos os inimigos presentes, devemos estender as mãos para a mesa de Deus que está posta diante de nós. Devemos concentrar nossa atenção e interesses, no cálice e no óleo da unção de deus para seu rebanho.