Igreja Multiplicadora: Por que plantá-las?



Missões Nacionais tem investido na plantação de igrejas com visão de multiplicação. Muitos pensam tratar-se de mais um modelo de igreja, mas uma Igreja Multiplicadora não é um fim em si mesmo. Seu objetivo é levar vidas a Jesus. Nossa vida e razão de ser é Cristo. Plantamos igrejas para serem agências do reino e para louvor a Deus e não para a glória humana e impérios pessoais.

Seguindo os desafios do livro de Atos, precisamos ir aonde estão os perdidos e não esperar que eles venham aonde estamos (3.12; 4.5; 5.42; 7.1 e 8.25). Ir a todas as direções, onde os crentes vivem (4.16; 5.16,28; 8.4,40; 9.2,32; 11.19; 19.10,26; 20.20; 21.28 e 28.22) e em pontos avançados onde há milhares de perdidos, conforme o Espírito Santo determinar.

Examinando a experiência do apóstolo Paulo em 1Co 3.10-23, precisamos construir santuários vivos, ganhar vidas e plantar igrejas! Podemos construir templos para as igrejas, mas onde não houver igrejas, não há necessidade de templos! Afinal, queremos igrejas para os templos ou templos para as igrejas? Primeiro, as igrejas, e depois os templos, quando forem necessários e possíveis. A 1ª IB Nova Iguaçu, RJ começou debaixo de uma mangueira com oito mulheres. A IB Liberdade, em Herval D'Oeste, SC começou na casa do missionário com duas pessoas. O que o mundo precisa é de igrejas e não de templos!

Uma igreja multiplicadora é uma igreja com a visão missionária de Atos 1.8; é uma igreja que ora; uma igreja movida pela paixão de fazer discípulos; uma igreja onde cada membro é um missionário; uma igreja que forma líderes e membros com visão multiplicadora; uma igreja que ama, vive e faz missões. Quanto maior o número de líderes leigos envolvidos na obra de uma igreja, maiores serão os resultados do evangelismo, batismo e plantação de igrejas multiplicadoras. Os resultados decorrentes de uma pesquisa entre o povo a ser alcançado indicarão as estratégias, o estilo ou a forma de comunicação e o "currículo" necessários durante o evangelismo, o discipulado, a formação de líderes e a plantação de igrejas multiplicadoras.

A razão de ser da presença de uma igreja em um determinado local, prioritariamente, é ganhar almas para Jesus e plantar outras igrejas multiplicadoras. É uma tentação a igreja chegar e se satisfazer com o estar presente, atender às carências humanas da comunidade e pregar o evangelho, sem se preocupar com o discipulado dos novos convertidos e a multiplicação de igrejas.
A melhor estratégia para a pregação do evangelho é a multiplicação das igrejas, considerando que as novas igrejas, via de regra, são pontos-chave para o evangelismo, crescem mais que as igrejas antigas, oferecem opções para os que não têm igreja, facilitam o acesso dos membros de maneira mais econômica; são igrejas mais contextualizadas e podem atender melhor as necessidades do povo onde estão inseridas! Vamos avançar por intermédio da plantação de igrejas multiplicadoras!

Entraves à multiplicação de igrejas
Há três "ismos" que têm colocado um teto na ação dos filhos de Deus na conquista de almas, na plantação de novas igrejas e consequente expansão do reino de Deus. Vejamos:

Templismo - Em Atos 20.24 a afirmação de Paulo é que "Deus não habita em templos feitos por mãos de homens...", porém foi sendo implantado como herança histórica do Antigo Testamento, do judaísmo, e tão bem disseminada pelo catolicismo romano, especialmente a partir do século IV da era cristã, quando o Imperador Constantino aderiu ao cristianismo nominal, em que ser cristão não era uma convicção pessoal de fé, mas uma extensão da própria cidadania romana (ser romano era ser automaticamente cristão). Nesse tempo, os grandes templos católicos começaram a ser erguidos e incentivados, retomando a consciência veterotestamentária de que Deus habitava em templos e não nas pessoas, contrariando a afirmação interrogativa de Paulo quando em 1 Co 6.19 escreve: "Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo que habita em vós, proveniente de Deus...?".

O lugar da habitação de Deus não é mais o templo, mas a vida do "nascido de novo"! Quando Jesus morreu na cruz, o véu do templo se rasgou para mostrar que Deus não estava mais no "santo dos santos" e que o acesso a ele estava aberto por intermédio de Jesus, o caminho para o céu (Jo 14.6). Jesus afirmou em Mt 18.20 que onde estiverem dois ou três reunidos, em nome dele, ali ele estaria!

Clericalismo - É outro desafio que está diante de nós, arrefecendo o sentido de clamor e conquista de todos os crentes. Voltando a Constantino, quando oficializou o cristianismo como a religião do Estado romano, a liderança da Igreja começou a ser sustentada pelo governo, separando o clero dos "leigos". Isso fez com que o serviço a Deus fosse remunerado e, pior, só poderia servir a Deus quem fizesse parte do clero. Diante disso, houve a separação entre o clero e os leigos. Servir a Deus passou a ser uma profissão e não a expressão de um compromisso com Jesus de maneira natural e em submissão aos ensinos neotestamentários.
Não foi difícil o progresso disso até chegar às celebrações na língua latina, quando o povo era mera presença física ou simples ornamento, apenas atendendo aos sacramentos. Mesmo que a Igreja Católica tenha tido uma revolução com o advento das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), nas quais a liderança leiga foi fortemente reativada, sem entrar no mérito de todos os motivos, nos arraiais batistas, a figura do evangelista quase desapareceu e a cultura das igrejas plantadas e lideradas por pastores tem sido tremendamente estabelecida. Além disso, muitas funções outrora exercidas por "leigos" piedosos e dedicados, têm sido profissionalizadas. Alguns modelos eclesiásticos têm restaurado o ministério dos "leigos" e, na Igreja Multiplicadora, ele é por demais relevante e bem alicerçado nos ensinos bíblicos de Efésios 4.11 e 12; 1Timóteo 2.2 e 1Pedro 2.9.

Dominguismo - Com a ênfase na guarda do domingo, tornando-o tão "sagrado" quanto o sábado dos judeus, concentramos toda a adoração e serviço a Deus, no domingo. Nos relatos bíblicos não era assim. Em Atos 2.46 e 5.42, todos os dias o povo servia a Deus. Essa é a cultura bíblica! Baseados nela, os dias da semana devem também ser de evangelização, discipulado e a consequente plantação de novas igrejas. Que Deus nos ajude a servi-lo todos os dias e em todos os lugares, sendo pastores, líderes ou crentes em geral!


Multiplicadoras ou reféns dos "ismos"?
Diante do exposto podemos avaliar onde nossa igreja se encontra hoje, mas ainda mais relevante é saber o que desejamos ser como igreja de Jesus daqui para frente. Estaremos acorrentados pelos "ismos" criados pela mente e pelos costumes de homens ou disponíveis para seguir o modelo que Jesus deixou para que resgatemos cada vez mais almas perdidas, transformando nossa Pátria? A decisão é individual, pois é a atitude de cada cristão que produzirá resultados eternos de vidas salvas pela mensagem de Jesus.

Pr. Nilton Antonio de Souza
Gerente Executivo de Evangelismo e Discipulado

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