O Tribunal de Cristo II - Dr. Peter Ruckman

Você se converteu, digamos, há 10 anos... Porém, até hoje jamais conseguiu ganhar um filho na fé, jamais conduziu uma alma sequer ao senhorio do Homem-Deus Jesus Cristo.

Este é um problema em que as pessoas não têm pensado. Elas falam: “Bem, estou feliz com a certeza de ir para o céu e se já vou para lá, isso é bastante para me deixar tranqüila, pois não estou preocupada em receber galardão algum.” Estão enganadas. Se elas chegassem em casa, hoje à noite, e a encontrassem completamente destruída, com a roupa de cama, os móveis e utensílios queimados, inclusive o aparelho de TV, sob o qual alguma delas talvez até esconderam aquele maço de dólares, sem que tudo estivesse no seguro, iriam ficar completamente arrasadas com o fato.

O mesmo vai acontecer a milhões de cristãos, quando comparecerem diante do Tribunal de Cristo, vendo suas vidas, e tudo o que diz respeito às mesmas, em chamas – sem nada para as garantir. Verão suas vidas se desvanecer em fumaça. Pensar assim, do ponto de vista secular, é uma coisa. Mas estar ali, diante dos anjos e santos, vai ser dolorosamente vergonhoso. O Advogado dos crentes, aqui e agora, é o Senhor Jesus Cristo. Lá, esse Advogado será o Juiz e, mesmo não sendo condenados ao inferno, por terem sido salvos pelo Seu sangue remidor, muitos irão sofrer vergonhas indescritíveis. Sofrerão vexames pelas suas mentiras, pelos seus pecados ocultos, pela sua ganância, pelo seu desmazelo espiritual, enfim, por não terem praticado o bem, exclusivamente por amor ao Senhor Jesus Cristo.

Muitos cristãos recém nascidos na fé estão morrendo de fome porque aqueles que os conduziram a Cristo não assumem qualquer obrigação espiritual com os mesmos, e ficam somente convencendo-os a entregar os dízimos e as ofertas. Vamos ilustrar este assunto com uma história da vida real.

Um homem comprou um papagaio. O vendedor garantiu-lhe que a ave iria falar bastante. Ele a conservou durante três semanas, e foi então que ela morreu. Telefonou ao vendedor e reclamou: “você garantiu que esse papagaio iria falar e ele jamais falou”. Se bem que prestava uma atenção enorme no que eu dizia. O vendedor perguntou: “Como? Ele nunca falou coisa alguma?” O comprador respondeu: “Ele falou somente uma palavra, e assim mesmo, um dia antes de morrer. “Então o vendedor quis saber qual tinha sido essa palavra. O comprador respondeu: “Comida, comida, comida!”. Esse é o problema de grande parte do povo de Deus – ele está morrendo de fome e de sede espiritual.

Os pastores de certas igrejas ditas renovadas fazem os visitantes levantar as mãos (como nos shows de TV), falar línguas estranhas, rebolar, cantar, gritar, cair para trás, numa insana imitação dos shows de rock, agora penetrando na Igreja do Senhor Jesus Cristo. Em vez de pregar a sã doutrina, esses pastores os alimentam de ração barata, em Bíblias embasadas nos textos de Westcott e Hort, ignorando os acréscimos e subtrações praticados nesses corrompidos textos alexandrinos. Eles se contentam apenas com o número de adeptos e a entrada de dinheiro no caixa da Igreja. Alimentam-se de sua própria ganância, esquecendo os conselhos da 1 Pedro 5:2: “Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto”.

Falam de dízimos e ofertas, o tempo inteiro. Citam somente as passagens do Velho Testamento (principalmente do Livro de Levítico), que pregam os sacrifícios, a salvação pelas obras mortas, como se os membros de suas igrejas ainda estivessem vivendo sob a lei mosaica, tivessem “obrigações a pagar”, e sem o pagamento destas, fossem perder a salvação. E essas ovelhas cegas, dirigidas por pastores gananciosos, acabam caindo inadvertidamente no abismo, aprendendo heresias pagãs e católicas, disfarçadas de doutrinas cristãs.

A Bíblia diz que “Digno é o obreiro do seu salário” (1 Timóteo 5:18), porém deixa claro que ninguém pode enriquecer à custa do Evangelho. Infelizmente, há pastores ganhando até R$90 mil por mês (50 salários mínimos), neste país, enquanto um trabalhador se esfalfa, para lhes entregar o dízimo, ganhando um salário de R$180,00 mensais. Esses fariseus modernos residem em mansões de luxo, com altas contas no exterior, carros importados, esposas freqüentando salões de beleza, quase diariamente, com unhas escandalosamente pintadas de vermelho e roxo, e usando mini-saias digitais com as berrantes cores da moda, como se fossem “garotas propaganda” da prosperidade que a Igreja, e principalmente os maridos, têm tido, obviamente à custa da ignorância bíblica dos membros dessas igrejas.

Quem faz o trabalho evangélico pensando em ficar rico, famoso e importante, tentando ganhar almas apenas para encher o próprio bolso, vai chegar diante do Tribunal de Cristo (2 Coríntios 5:10) como no dia em que nasceu. Sem as vestes que seriam as obras praticadas por amor a Deus e ao próximo – as vestes dos santos. Ali estarão desnudos, envergonhados, e serão apontados, diante dos anjos e santos do Senhor, que os contemplarão cheios de piedade, porém sem poder fazer coisa alguma em favor desses gananciosos pastores (Apocalipse 16:15). Eles se apascentam a si mesmos, fazendo perecer na fé os membros de suas igrejas, que seguem suas escusas doutrinas sobre um Jesus especialista em dar saúde e prosperidade. O objetivo deles é emocionar os analfabetos bíblicos, oferecendo-lhes uma interpretação alegórica dos textos lidos, sem levar em conta o contexto, e com isso deixam as almas presas, através de suas interpretações sofísticas da Palavra de Deus.

Jesus disse que “estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem”. Ele também diz: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas curas? E então lhes direi abertamente; nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mateus 7:14,22,23).

Mary Schultze - Notas colhidas no livro “The Judgement Seat of Christ”, Dr. Peter Ruckman