lição 2 - SÁBADO PODE SER QUALQUER DIA

STRESSBUSTERS As sete principais causas do stress. As sete afirmações do estressado. As sete respostas do Salmo 23 Causa # 2 do Stress: Preocupação

SÁBADO PODE SER QUALQUER DIA

O excesso de ocupação é a segunda grande causa do stress. O estressado vive dizendo: “Afinal, eu tenho que fazer a minha parte”. O Salmo 23 nos ensina a dizer: “Ele me faz descansar”.

Estamos estudando sobre o fenômeno físico e psíquico chamado stress. Nosso objeto de consideração, entretanto, não é o stress propriamente dito, mas sim o Salmo 23, que nos mostra as sete principais causas do stress e os sete antídotos de Deus contra o stress.

O Salmo já nos ensinou que a primeira grande causa de stress é a preocupação: a ocupação antecipada da mente em função de uma situação hipotética. Agora, o Salmo nos mostra que o excesso de ocupação é outra grande causa de stress. O estressado vive dizendo “afinal, eu tenho que fazer a minha parte”. Ou, na versão popular, “Deus ajuda quem madruga”. O Salmo 23 responde dizendo “Ele me faz repousar em pastos verdejantes, e me leva para perto das águas tranqüilas”.

Nosso assunto agora é: pessoas sob pressão, o que geralmente faz com que se tornem pessoas em constante atividade. Nossa personagem em questão é o maníaco pelo trabalho: o workaholic.

Essa expressão “workaholic” vale não apenas para profissionais dedicados e obsessivos, mas também para todas as pessoas que não conseguem parar de agir quando estão sob pressão, quando têm um problema para resolver, quando são tocadas pôr uma angústia, uma tristeza, uma ansiedade. Elas não conseguem esperar, elas não conseguem descansar, elas não conseguem dormir, elas ficam em constante atividade. Ação, ação, ação!!!

Algumas se mantêm em atividade simplesmente porque não conseguem parar. Outras, porque acham que não devem, ou não podem parar. Pensam assim: “Se eu parar agora, despenca tudo, eu tenho que fazer alguma coisa”. São pessoas que funcionam movidas pela compulsão de “eu tenho que fazer alguma coisa tenho que tomar alguma providência”. Estas são as pessoas que “trabalhador maníaco”. Não se trata apenas do funcionário extremamente dedicado à sua empresa, do executivo obcecado pela sua carreira ou do empresário apavorado com a sobrevivência do seu negócio. Workaholic é toda e qualquer pessoa que vive sob esta compulsão de “tenho que fazer alguma coisa”.

O Salmo 23 fala de recreação e descanso. Pastos verdes e águas tranqüilas. O Salmo 127 diz que é inútil fazer hora extra. É inútil levantar de madrugada e trabalhar até tarde, porque Deus alimenta os seus filhos enquanto eles dormem. É difícil a gente acreditar nessas coisas, mas é o que a Bíblia diz: Deus trabalha no turno da noite.

O sábio nos diz que “somente um homem muito tolo, tão tolo que nem consegue encontrar o caminho de casa, se esgota de tanto trabalhar” (Provérbios 10.15). Esse sábio vivia muito bem.

A receita de Deus para pessoas sob pressão não é ação, é relax. Se você está sob pressão, em alguns momentos a coisa mais espiritual que você tem a fazer é ir para casa dormir, é ir para casa descansar, pular na cama e dizer para Deus o seguinte: “Mui respeitosamente Senhor, te vira! Eu entrego os pontos. Cheguei no meu limite! Tudo está em tuas mãos! Faça o que o Senhor bem entender!”.

Não sei quantos têm essa ousadia, ou esse sangue frio, mas em alguns momentos da vida, a melhor coisa que a gente tem a fazer é ir dormir, e esperar a porção de Deus, que nos chega enquanto descansamos. A melhor coisa que temos a fazer é aproveitar os pastos verdes e as águas tranqüilas que Deus nos oferece. Repousar, cessar toda a atividade, jogar fora a compulsão de ter que fazer alguma coisa para que a situação seja resolvida.


Nossa tendência, entretanto, está longe desta postura de descanso na providência de Deus. Na verdade, a maioria de nós não é apenas ocupada, é super ocupada. Cabe , portanto, uma pergunta a respeito das causas desse excesso de ocupação. Pôr que ficamos obcecados pôr fazer alguma coisa quando estamos sob pressão? Consigo identificar pelo menos cinco causas para o fenômeno workaholic.


CAUSA #1 DO EXCESSO DE OCUPAÇÃO: IDENTIDADE DERIVADA DA ATIVIDADE

A primeira causa do excesso de ocupação é a identidade derivada da atividade. Quando perguntamos a alguém: “Quem é você?”, invariavelmente, a resposta é “Eu sou dentista”. “Quem é você”? “Eu sou professor”. “Quem é você”? “Eu sou pastor”. Mas a pergunta não é “O que você faz?”, a pergunta é “Quem você é?”. A nossa sociedade deriva identidade de atividade. Eu tenho um amigo pastor, que me liga de vez em quando e diz: “Recebi um juiz de direito em minha igreja como membro” ... “Recebi um casal, engenheiro não-sei-das-quantas”. O que será que ele está querendo dizer? Será que está sugerindo que sua igreja está ficando mais importante porque agora tem em seu rol de freqüentadores um juiz de direito? Bem, com todo o respeito, o tal juiz de direito pode ser um imbecil, pode ser um péssimo cristão, um estúpido, porque juiz de direito é o que ele faz, não o que ele é.

Mas nós vamos dizendo o que fazemos, e dentro da média social que categoriza atividades importantes e atividades não-importantes, vamos considerando pessoas importantes e pessoas não-importantes em função das atividades importantes que as pessoas desempenham - ou pelo menos das atividades que julgamos importantes.


CAUSA #2 DO EXCESSO DE OCUPAÇÃO: APETITE POR MAIS E MAIS

A segunda causa do excesso de ocupação é o apetite por mais e mais. “Algumas pessoas trabalham demais porque querem ser mais do que os outros” (Eclesiastes 4:4). São pessoas que medem seu sucesso na vida tendo como comparação o carro do vizinho. A mulher chega para o marido e diz: “Viu o carro do vizinho? Não, pois eu vi”.

Vamos nos comparando com o aparente êxito dos outros e achando que nosso êxito na vida é medido à luz das conquistas de terceiros. A vida se torna uma corrida na direção do acúmulo.

Alguns, inclusive, possuem boas motivações. Pensam que “pagar aluguel é jogar dinheiro fora”, e então decidem comprar uma casa. Mas esta decisão acarreta uma série de implicações. Implica em parcelas semestrais e despesas com documentos, nova mobília, uma pequena reforma tipo “mais um armário para o quarto das crianças” ou “trocar esse carpete por sinteco, porque o Juninho tem bronquite”. O jeito é trabalhar mais. Correr atrás do prejuízo: mas só nesta fase.

De fato, você pode acreditar que “pagar aluguel é jogar dinheiro fora”. Eu diria que é melhor jogar dinheiro fora do que casamento fora. É melhor jogar dinheiro fora do que neurônio fora. É melhor jogar dinheiro fora do que noites de sono fora. É melhor jogar dinheiro fora do que saúde fora. É melhor jogar dinheiro fora do que amigos fora. É melhor jogar dinheiro fora do que lazer fora. É melhor jogar dinheiro fora do que viagens de finais de semana fora. É melhor jogar dinheiro fora do que tempo de convivência com a família fora. É melhor jogar dinheiro fora do que momentos de intimidade com o cônjuge fora. Depende da opção de cada um. Eu respeito a sua.

Mas a escolha de ter mais, implica em mais trabalho, mais contas, e geralmente, mais irritação, mais gritos com o marido, menos paciência com o filho, mais estupidez com as pessoas, menos horas de descanso, pelo fato de que o padrão de vida estar exigindo demais.

Temos ao nosso redor um sem-número de pessoas escravizadas por pseudonecessidades. Alguns de nós dormimos num canto de sereia, num cantinho de 30 segundos. Panfleto de semáforo, conversa de amigo em emprego novo: “Vamos dar uma força prá ele, meu bem, compre este negócio que ele começou a vender...”. São pseudonecessidades, e a gente se escraviza a essas coisas, e depois tem que correr atrás para pagar as contas.


CAUSA #3 DO EXCESSO DE OCUPAÇÃO: PRIORIDADES ERRADAS


A terceira causa do excesso de ocupação é prioridades erradas. Harold Kushner, o mesmo autor de Quando coisas ruins acontecem às pessoas boas, escreveu também um comentário do Livro do Eclesiastes chamado Quando tudo não é o bastante. Ele diz que você jamais vai ouvir uma pessoa em seu sussurro final dizendo para a esposa: “Ah, como eu gostaria de ter dedicado mais tempo àquela lojinha, gostaria de ter feito mais hora-extra”. Algo como ser perguntado pelo amigo na hora da morte: “Tem alguma coisa que você se arrepende de não ter feito?” Então o moribundo responde quase sem fôlego: “Hora extra”. Mas muita gente nesse último dia vai estar dizendo: “Eu me arrependo de não ter dedicado mais tempo à oração, eu me arrependo de não ter dedicado mais tempo ao meu filho, à minha esposa, ao meu marido, aos meus amigos, eu me arrependo de não ter dormido mais”. E, muito embora isso seja tão óbvio para nós, alguns vivem exatamente o oposto.

CAUSA #4 DO EXCESSO DE OCUPAÇÃO: O ESPÍRITO DE CONQUISTA

A quarta causa do excesso de ocupação é a ótica da conquista: encarar a vida como se aquilo que temos fosse fruto de mérito pessoal. A sensação de que o pão que comemos é fruto da obra das nossas mãos nos empurra à ação. De fato, o apóstolo Paulo escreve aos Tessalonicenses dizendo que “quem não trabalha, então também não deve comer”. Isso aí poderia ser um aviso muito interessante para muitas casas, mas a questão é que nós achamos que o pão que temos na mesa é fruto deste trabalho. Algumas pessoas acham que elas têm o que comer porque trabalham, mas a Bíblia diz que não.

O Senhor Jesus diz que passarinho e flor não trabalham, mas o Pai Celestial dá aquilo que eles precisam. O paradoxo bíblico é que o pão que está em nossa mesa não vem sem o trabalho, mas quando vem, não vem porque trabalhamos. Ele vem porque o Pai Celestial nos dá; “O pão de cada dia, dá-nos hoje”. Mesmo porque o nosso país está cheio de gente que trabalha e não tem pão. Por isso é que a Bíblia diz que “nenhum esforço humano pode substituir a benção de Deus” (Provérbios 10.22, BLH).

E é a bênção de Deus que traz a prosperidade. Há muita gente trabalhando sem o diferencial da bênção, e aí quando come, come um pão amargo, o famoso “pão que o Diabo amassou”. Porque o pão que nós comemos é pão fruto da bênção de Deus. Quando olhamos a vida com a ótica da conquista, saímos correndo feito loucos atrás daquilo que desejamos ou do que julgamos necessitar. Jesus, entretanto, adverte que sobrevive melhor quem é abençoado por Deus e recebe o pão de suas mãos, ainda que pela via do trabalho.


CAUSA #5 DO EXCESSO DE OCUPAÇÃO: A “LEVE” DESCONFIANÇA DE DEUS

A quinta causa do excesso de ocupação é a “leve” desconfiança de Deus: aquela sensação de que Deus não vai fazer o que prometeu. Algo mais ou menos como “Deus não vai fazer a parte dEle, então, deixa eu correr atrás do prejuízo”.

Essa foi a experiência do Patriarca Abraão. Uma vez esperando a promessa de Deus quanto a um filho que tardava chegar, decidiu tomar providências. Aceitou o conselho da esposa estéril e fez um neném com a empregada. Abraão achou que Deus não ia cumprir a parte dEle, e resolveu acionar o plano B para ter o filho.

Essa sensação de que “Deus não vai fazer a parte dEle” é muito pequenininha, e pouquíssima gente tem coragem de assumir. Mas, toda a vez que a solução de um problema está do outro lado das ondas sobre as quais andamos, nossos olhos devem ficar fixos em Jesus, pois se tirarmos os olhos de Jesus, certamente afundaremos no mar, como aconteceu com Pedro, apóstolo.

O que é que o Salmo 23 tem a dizer para o workaholic? O que o Salmo 23 tem a dizer para você que está sob pressão, diante de problemas aparentemente insolúveis. A receita de Deus para pessoas sob pressão não é ação, é relax. Creio que há pelo menos quatro caminhos para este relax nos pastos verdejantes e águas tranqüilas que Deus coloca diante de nós.


CAMINHO #1 PARA O RELAX EM DEUS: ACREDITE QUE O “DIA DA PROVISÃO” É O SÁBADO, E NÃO NA SEGUNDA FEIRA

Êxodo 20 apresenta o mandamento de “guardar o sábado” como dia santificado para Deus, e dia do descanso. E, como sabemos que todo mandamento de Deus tem sua razão de ser, nos apressamos em ouvir o porta-voz do Céu explicando que “o sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado”. Em outras palavras, compreendemos que quando Deus ordenou a guarda do sábado, Ele não estava pensando em si mesmo, mas sim em você.

Deus inventou o descanso, não somo um benefício para si mesmo, mas para nós. Na verdade, é muito mesquinho pensar em Deus como se estivesse dizendo: “Vou mandar esse pessoal parar um dia por semana para cantar para mim”. Isso não é um Deus, é um Baal. A palavra de Deus apresenta Deus com outro caráter.


O sábado, portanto, não é um dia da semana literal, mas sim um momento de descanso e de repouso na presença de Deus. Admiro o conceito judaico do sábado, quando eles chegam ao extremo de detalhar a proibição de todo e qualquer trabalho. De fato, os mestres judaicos antigos eram criativos na interpretação e criativos na execução do mandamento. Diziam, por exemplo, que se a sua casa pegar fogo no sábado, você não pode salvar nenhuma peça de roupa recolhendo-as, pois isso equivale a trabalhar. Mas você pode se vestir com várias camisas, blusas, e calças sobrepostas, pois nesse caso, você não está trabalhando, está se vestindo.

O que é dito é que se a sua casa pegar fogo no sábado, e você estiver com a roupa do corpo do lado de fora, tudo quanto você pode fazer é assistir o incêndio. Por que? Porque na vida existe sempre um momento em que tudo o que se deve fazer é ficar parado, “vendo o circo pegar fogo”.

Existe um momento de disciplina que Deus nos sugere, em que decidimos não alterar a realidade como fruto da nossa atividade. “Sábado”, é todo momento quando eu decido não agir em relação a uma situação, por optar descansar na dependência da ação de Deus. É como entregar o incêndio nas mãos de Deus e esperar que Ele apague o fogo, crendo que, se Ele não apagar, certamente vai fazer alguma coisa bem melhor do que minha atividade frenética com balde na mão para cima e para baixo.

Esse conceito do sábado é uma sugestão de que há momentos na vida em que deliberadamente nos privamos da possibilidade de alterar a realidade como fruto da nossa atividade. Guardar o sábado é descansar na presença de Deus.

A expressão recreação, na verdade, é re-criação. E o Salmo 94:19 diz assim: “Cercando-me eu dos meus cuidados”, isto é, nos muitos cuidados que dentro de mim se multiplicam, “as tuas consolações me alegram a alma”. Que interessante, não? Esse é um texto sabático. Ensina que há algumas coisas nascem de novo, há alguns novos começos, e algumas providências que vêm do céu, não vêm da nossa atividade.

O sábado é a oportunidade que temos de experimentar aquilo que Deus pode fazer quando nossa atividade cessou. O sábado não é um dia, o sábado é uma postura diante de Deus, que encontra lugar nos nossos dias. A gente pode viver o sábado dez minutos segunda-feira, duas horas e meia na sexta, um dia inteiro, trinta dias por ano, ou 24 horas por dia, todo dia.


CAMINHO #2 PARA O RELAX EM DEUS: FOCALIZE O QUE DEUS LHE DEU, EM VEZ DE FICAR OLHANDO O QUE O VIZINHO TEM

Segunda sugestão do Salmo: olhe para o que Deus lhe deu, ao invés de ficar olhando para o que o vizinho tem. Olhe para os pastos verdes e as águas tranqüilas, ao invés de olhar para a hidromassagem do vizinho. Comer e beber o fruto do nosso trabalho é um presente de Deus, e andar satisfeito com o que temos, é um conselho da Escritura.

Dizem que a diferença entre sucesso e felicidade é que o feliz é capaz de desfrutar do sucesso e ficar satisfeito. Steven Covey, em seu extraordinário livro First things first, ou Primeiras coisas primeiro, fala de pessoas que gastaram a vida subindo numa escada e, quando chegaram no topo, descobriram que a escada estava apoiada na parede errada. Isso equivale a chegar na hora certa na reunião errada. Esta é a razão pela qual as pessoas bem sucedidas, que chegam ao topo da escada ou na hora certa, não se satisfazem com o êxito alcançado. Erraram o alvo. Correram atrás de coisas que não podiam satisfazer.

Parece que Oscar Wilde chegou a esta conclusão quando disse que há duas coisas ruins na vida. A primeira é não conseguir concretizar um desejo. A segunda é conseguir. Irônico, paradoxal, mas muitas vezes verdadeiro. O mundo está cheio de gente infeliz e insatisfeita porque está no meio da escada, isto é, ainda não conseguiu realizar o desejo. Mas também, o mundo está cheio de gente que chegou no topo da escada, isto é, conseguiu realizar o desejo, mas não ficou satisfeita, porque descobriu que a escada estava na parede errada.

A grande questão de tudo isso é que a diferença entre uma e outra está tanto no objeto da satisfação, como também no meio da apropriação. Quem vive movido pela identidade derivada da atividade e da necessidade de acumular com base no espírito de conquista nunca se satisfaz com o êxito. Vale o ditado: “Quanto mais tem, mais quer”.

Mas, por outro lado, quem descansa a vida aos cuidados de Deus e desfruta daquilo que pode chamar de benção ou dádiva, saboreia o melhor do mundo. Por isso é que o apóstolo Paulo afirmou ter aprendido a andar satisfeito tanto na fartura quanto na escassez. Por que? Por três razões. Primeiro, porque seu objeto de desejo não era objetivo, concreto, mensurável: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”. Sua base de satisfação não era circunstancial, mas sim espiritual. Assim como sua fonte de contentamento não era a fartura, também a escassez não era suficiente para lhe roubar a satisfação. Quem se satisfaz em Deus, “aquele que fortalece”, transcende circunstâncias.

Em segundo lugar, a satisfação na vida está proporção direta da consciência de que a escada está na parede certa. Em outras palavras, quando a gente sabe que está fazendo a coisa certa, não importa se os resultados indicam êxito aparente, pois vale mesmo é a satisfação de ter exatamente o que é possível ter sem que a consciência seja sacrificada.

Finalmente, a satisfação na vida depende do esvaziamento do espírito de conquista. O fato de estar na prisão, com frio e fome, não era suficiente para que o apóstolo Paulo se sentisse fracassado. Sua vida não era medida pela conquista mas desfrutada como dádiva. Provavelmente, Paulo pensava o seguinte: “A escada é essa mesmo, e a parede também, portanto, não importa quão longe eu esteja do topo, o melhor que tenho a fazer é curtir a subida e me alegrar com o que Deus me deu até agora”.

Falando o português mais claro, algumas coisas na vida custam 50 mil dólares, enquanto outras custam 50 mil dólares + noites de sono + relacionamentos + caráter e reputação + úlceras e infartos. Quem faz questão de ter e acredita que o jeito certo de possuir é conquistando por si mesmo, acaba se estressando e pagando muito caro. Quem descansa aos cuidados de Deus, e não se importa com o quanto tem ou o quanto conquistou, paga menos, bem menos, na verdade, recebe como dádiva. E, enquanto não tem, não se abala, porque ter ou não ter não é a coisa mais importante. Mais vale um pasto verde e um riacho, do que uma mansão com quadra de tênis, sauna e hidro. Exceto quando a mansão foi escriturada no céu no arquivo de “Pastos verdes e riachos”; Pasta: “Dádivas do Bom Pastor”.

Não se iluda. Não fique de olho na grama mais verde do vizinho, antes de verificar se é grama mesmo. E não se esqueça de, discretamente, descobrir quanto custou.


CAMINHO #3 PARA O RELAX EM DEUS: DEFINA SUA AUTO-IMAGEM NO ESPELHO DO AMOR DE DEUS, E NÃO DÊ MUITA BOLA PRA TORCIDA

Poucas passagens da biografia de Jesus causaram tanto impacto em minha auto-imagem quanto a narrativa de seu batismo nas águas geladas do Jordão. No momento em que João Batista finaliza seu ato batismal, Deus sinaliza, através de uma pomba, a unidade de Jesus com o Espírito Santo, e faz ecoar no céu a sua voz, dizendo: “Este é o meu filho amado, que me dá muito prazer”.

Até aquele momento, exceto aquela discussão teológica no templo, aos 12 anos, o ministério de Jesus praticamente inexistia. Quando Deus se pronuncia tendo prazer em seu filho amado, não está elogiando a atividade ministerial de Jesus. De fato, está declarando seu amor, não pelo que Jesus faz, mas pelo que Jesus é: Filho.

Quando derivamos quem somos, e nos satisfazemos apenas pelo feedback dos outros, nossa vida acontece sob uma pressão intensa. Viver de opinião, é viver com múltiplos rumos e padrões. É viver competindo. Quando não estou satisfeito com o veredicto de Deus a meu respeito, nenhum veredicto vai me satisfazer. Enquanto não encontro significado no amor de Deus pôr mim, nenhum outro amor vai me bastar. Uma vez que não encontro prazer naquilo que Deus me diz, e na maneira como me considera e me trata, nada vai me ser suficiente.

Imagino Deus sussurrando baixinho no ouvido de cada um dos seus filhos: “Você não precisa ser um sucesso para que eu ame você”... “Você não precisa „chegar lá‟ para que eu tenha prazer na sua companhia”... “Você não precisa conquistar nada ...” ... “Você é meu filho”. Imagino como não teria sido diferente o jogo final da Copa do Mundo de 1998 se Ronaldinho tivesse ouvido este sussurro no primeiro passo que deu na calçada da fama...


CAMINHO #4 PARA O RELAX EM DEUS: VALORIZE MAIS AS PROMESSAS DE DEUS DO QUE AS PROVIDÊNCIAS QUE VOCÊ TEM QUE TOMAR

Férias, fins-de-semana prolongados, calmantes, e distrações, atenuam o stress, são úteis porque tocam nossa fadiga física, emocional e psíquica. Mas ninguém resolve fadiga existencial e espiritual com fim-de-semana prolongado. Ninguém resolve fadiga existencial e espiritual com meio comprimido de calmante. Ninguém resolve fadiga existencial e espiritual com videocassete ou torta de morango. Ninguém consegue equacionar fadiga existencial e espiritual com vitrine de shopping e com sapato novo. O que nos dá o descanso na alma e no espírito é “a paz de Deus, que excede todo o entendimento”. Isso significa que ninguém consegue resolver o problema de fadiga existencial e espiritual trabalhando mais. Só consegue piorar a situação.


“Afinal, eu tenho que fazer a minha parte”, no início é uma expressão que demonstra responsabilidade, mas depois de um certo tempo passa a esconder o fato de que não acreditamos muito que Deus vai nos tirar da pressão.

O trabalho e a diligência tem o seu lugar. A prudência e a providência são imprescindíveis para uma vida de qualidade. Na verdade, as pessoas que trabalham com diligência e prudentemente tomam suas providências em épocas de mar calmo, conseguem enfrentar as tempestades de maneira mais equilibrada. Mas toda tempestade tem o seu ponto cego, quando todos no barco chegam a desacreditar que verão o sol novamente. A percepção de que tudo quanto poderia ser feito foi feito, indica o momento de parar tudo e descansar nas promessas e cuidado de Deus. Nesse sentido, mais valem as promessas do que as providências. Quando a vida chega no limite o ser humano volta os olhos para o céu. E, jamais duvide, vai chegar seu dia de olhar para o alto. Não importa quão diligente você é. Não importa quão prudente você tenha sido. Quem se atreveu a abandonar o cais, certamente vai encontrar chuva forte em alto mar. Portanto, confie mais nas promessas de Deus do que em suas providências, porque as providências e diligências têm limites, as promessas de Deus não.

CONCLUSÃO

O sábado é um dos maiores segredos da vida livre do stress. Praticar o sábado é descansar na presença de Deus, a partir da compreensão de que as questões essenciais da existência não podem ser alteradas e conduzidas ao êxito pela nossa atividade. Praticar o sábado é parar de trabalhar: abandonar o espírito de conquista e desfrutar a vida como dádiva; receber o amor incondicional de Deus, que não exige o êxito de seus filhos em troca do cumprimento de suas promessas.


O sábado, portanto, não é um dia literal. É uma postura diante de Deus e da vida. Sábado pode ser qualquer dia. E quem quer viver livre do stress deve aprender que todo dia é sábado.

“Sabatizar a vida”, eis a tradução do Salmo 23 para a palavra relax.