Jamie Dunlop06 de Dezembro de 2016 - Pensamento Cristão
Como cristãos que acreditam na Bíblia, insistimos que tudo que fazemos seja baseado na Bíblia. Ainda assim, apostamos que das decisões que você faz, 99% delas não foram aplicações diretas da Escritura, mas foram pragmáticas em sua natureza. Que cor a igreja deveria ser pintada? Você deveria almoçar com João ou Tiago? Que palavras melhor servirão à sua mulher quando você chegar em casa?
Isso nos torna hipócritas? Não: um dos maiores presentes que cada um de nós recebeu do nosso criador – e aquele pelo qual prestaremos contas – é a nossa mente. “Pragmatismo” pode se referir a uma filosofia anti-sobrenatural, mas pode também ser simplesmente outra palavra para “julgamento sábio”, coisa que é ordenada na Escritura de forma veemente. E com julgamento pobre, é bem possível embasar nas Escrituras o que fazemos e ainda falhar em servir bem a Deus.
Se decidirmos que, para sermos bíblicos, nunca devemos ser pragmáticos, estamos essencialmente rejeitando o papel da sabedoria humana na vida cristã. E isso simplesmente não é como Deus ordenou que as coisas fossem. Ele deu em sua Palavra tudo que precisamos para fé e prática. Mas operar essas coisas requer uma boa porção de julgamento santificado. Ou, para usar aquela outra palavra, uma boa porção de pragmatismo bíblico.
Então, como administramos bem nosso pragmatismo? Penso que seja de duas formas: (1) quando somos pragmáticos, deveríamos garantir que nosso pragmatismo seja bíblico; e (2) discernir corretamente quando a Bíblia espera que sejamos sábios no julgamento e quando somos ordenados a simplesmente confiar e obedecer.
Como fazemos nosso pragmatismo ser bíblico?
Primeiro, como fazemos nosso pragmatismo ser bíblico?
Pragmatismo não é um problema até que ele comece a substituir as instruções que Deus já nos deu. Como um amigo meu coloca, geralmente nos aproximamos das decisões como nos aproximamos de um quadro em branco, inteiramente dependente do nosso bom julgamento para traçar um caminho adiante. Mas se conhecemos nossas Bíblias, conhecemos que já tem algo escrito no quadro, especialmente quando se trata de liderar uma igreja local. Deus tem nos guiado em ambos, no que deveríamos fazer e como deveríamos fazer.
Então como podemos ter certeza que não ignoramos o que Deus já escreveu? Aqui estão três ideias para você:
1. Examine seus objetivos à luz das Escrituras
Primeiro, examine seus objetivos à luz das Escrituras. Um pensamento pragmático errado geralmente começa quando tomamos um bom objetivo, e talvez até mesmo um objetivo bíblico, e usamos para substituir outro objetivo bíblico.
Digamos que você seja um pastor jovem que sente o peso bíblico por seus jovens para que eles ouçam e creiam no evangelho, mas isso não está acontecendo por meio das famílias em sua igreja. Então você constrói seu ministério de jovens para prover “serviço completo de discipulado” – do evangelismo à instrução bíblica à comunhão à mentoria.
Esse é um objetivo bíblico, até mesmo um bom objetivo. O problema é que a Bíblia tem outro objetivo que você ignorou: Efésios 6 implica que famílias, não ministérios de jovens, devem ser os discipuladores primários das crianças. Então, em essência, seu ministério de jovens é um sistema elaborado para ajudar as famílias a fugir das suas responsabilidades dadas por Deus.
Se você tivesse pensado mais cuidadosamente acerca do objetivo de um ministério de jovens – ajudar as famílias a disciplinarem seus filhos – você deveria ter desenvolvido isso de forma bastante diferente. E então todo seu bom pensamento pragmático estaria com o foco em um objetivo melhor.
Uma maneira que podemos ajudar nossa programação a ser bíblica é pensar cuidadosamente se estamos baseando nossos objetivos nos objetivos das Escrituras.
2. Explore o quanto a Escritura é específica – quer seja explicita ou implicitamente – sobre como você deve fazer as coisas como uma igreja
Segundo, explore o quanto a Escritura é específica – quer seja explicita ou implicitamente – sobre como você deve fazer as coisas como uma igreja.
Se a Escritura tivesse definitivamente especificado que substituir o sermão por dança interpretativa é ruim (“Não praticarás...”) então esperaria que não tivéssemos tanto debate sobre esse ponto. Porém, o problema é que enquanto alguns cristãos veem isso como uma implicação óbvia do ensino bíblico, outros não estão certos que a Bíblia diz muito sobre o que devemos fazer em nossas reuniões semanais.
Então, como nós determinamos o quão especificamente as Escrituras falam aos nossos métodos de ministério? Como sabemos quando Deus já escreveu algo no quadro branco? Obviamente, deveríamos nos tornar estudantes mais cuidadosos da Escritura. Mas, em adição a isso, podemos fazer uso dos desacordos com outros cristãos para testar nosso pensamento com respeito ao quão específica a Escritura realmente é.
Por exemplo, não sendo um fundamentalista, fui beneficiado significantemente por ouvir a uma entrevista do 9 Marcas sobre “Fundamentalismo e separação” com Mark Minnick, pastor e professor na Bob Jones University. Eu tivera uma pequena exposição aos princípios do fundamentalismo, então estive surpreso da forma cuidadosa que Dr. Minnick argumentou sobre Efésios 5.7 (“Não tenhais parte com eles”) para o que ele determinou de “doutrina da separação”: uma proibição bíblica contra ter parceria, de qualquer forma, com aqueles que se juntam com quem compromete o evangelho. Admitirei que não estava finalmente convencido por seu argumento. Mas ouvir um irmão defender o princípio a partir da Escritura moldou meu pensamento significantemente conforme conduzi minha própria igreja a ter parceria com os outros.
Então, procure por amigos ou autores cristãos que vejam mais princípios válidos na Escritura que você, que vejam mais preto no branco do que tons de cinza, que defendam decisões a partir da Escritura que você pensa que são puramente pragmáticas. Eles ajudarão a testar seu próprio entendimento de o quanto precisa a Escritura é em suas prescrições – o que fará seu pragmatismo ser mais bíblico.
3. Trabalhe a partir do que é claro na Escritura para o que menos claro
Terceiro, trabalhe a partir do que é claro na Escritura para o que é menos claro. Algumas vezes, quando olhamos para uma decisão iminente, falhamos em ver um mandamento correspondente na Escritura e decidimos que a Bíblia não tem coisa alguma a dizer sobre isso. Isso é tolice. A Bíblia não se cala acerca da nossa decisão simplesmente porque não fala diretamente sobre isso.
Tome um jovem rapaz considerando como conduzir seu namoro. “Namoro” não tem referência em sua concordância bíblica – nem “corte”. Então, além de certificar que ele e sua namorada não façam sexo antes do casamento, há alguma coisa na Bíblia que eles precisam prestar atenção? Quantas conversas como essa eu tive como pastor! A Bíblia é clara sobre o casamento – que é esperado de todo namoro –, mas não sobre namoro em si . E deixando claro, o claro guia das Escrituras sobre o casamento (papel dos sexos, imagem de Cristo, comunicação etc.) tem muitas implicações para o namoro.
Quando você está lutando com uma decisão que é mais específica que a clareza do ensino da Escritura, é importante ter e mente a situação mais próxima à sua onde a Escritura é clara.
Julgue a linha entre ordem e julgamento
Porém, ser um bom administrador do pragmatismo vai além de simplesmente fazer nosso pragmatismo mais bíblico. Nós devemos também evitar fazer a Escritura mais absoluta do que ela pretende ser. Em outras palavras, devemos descobrir a linha entre uma ordem bíblica direta e um julgamento santificado.
Por exemplo, Hebreus 10.25 nos diz para não desistir do hábito de nos reunirmos. Isso significa que excomungamos um irmão do exército porque seu trabalho o faz estar distante da comunhão cristã por vários meses? Não seria uma clara implicação da Escritura? Dizer “não” para essa questão reconhecidamente absurda claramente depende de algum nível de arrazoamento pragmático, fazendo uso do julgamento santificado.
Ainda assim, se desenfreado, pode também levar para longe demais.
Então, como nós discernimos onde diretamente a aplicação bíblica termina e o julgamento acaba? Aqui estão três sugestões para você.
1. Preste atenção ao contexto – Incluindo o gênero
Primeiro, preste atenção no contexto – incluindo o gênero. Quantos jovens casados têm discutido entre si tolamente até tarde da noite em uma tentativa de obedecer a ordem de Paulo em Efésios 4.26: “não se ponha o sol sobre a vossa ira”. Algumas vezes você precisa simplesmente chegar a um bom ponto de parada, dormir e então recomeçar sua discussão quando as mentes descansadas removerem o calor da argumentação.
Paulo oferece sua declaração em Efésios 4 em forma de um provérbio: algo que é geralmente verdade, mas que requer julgamento para ser aplicado. Isso é claramente diferente de uma ordem categórica, como “Não adulterarás” (Êxodo 20.14).
2. Determine cuidadosamente quando o exemplo da Escritura é normativo
Segundo, determine cuidadosamente quando o exemplo da Escritura é normativo. Frequentemente, a forma que a Escritura fala sobre uma situação – especialmente com respeito a como conduzimos a vida da igreja – não é através de imperativos diretos, mas através de exemplos.
Nesses casos, determinar o que é único à situação do primeiro século e o que é normativo para nós hoje pode ser desafiador. Por exemplo, eu argumentaria que o modelo bíblico é que as igrejas tenham múltiplos presbíteros – porque esse é o exemplo que vejo no Novo Testamento. Ainda assim, eu não insistiria em cozinhar uma grande massa de pão para nossa igreja de mil pessoas celebrar a Ceia do Senhor, mesmo que 1Coríntios 10.17 pareça assumir a ideia de uma única massa de pão na igreja dos coríntios.
Como podemos dar sentido a tudo isso? Porque Jesus prometeu que seu Espírito Santo guiaria os apóstolos “em toda verdade” (João 16.13), devemos acreditar que podemos aprender do que eles fizeram em comparação com o que eles ensinaram. Aqui estão algumas questões para ajudá-lo a melhorar sua aplicação de exemplos bíblicos.
Primeiro, quão consistente é um exemplo que permeia a Escritura? Por exemplo, liderança plural na igreja local aparece por todo Novo Testamento, o que nos dá confiança que é pretendido que seja aplicado para nossas igrejas como era para aquelas primeiras congregações.
Segundo, o exemplo que você está procurando afeta a essência da coisa em questão? Por exemplo, alguns cristãos batizavam imediatamente, assim que a pessoa era convertida. Mas eu argumentaria que a velocidade do batismo não é essencialmente o que o batismo é. Alguns dias ou semanas de conversa sobre o entendimento do convertido sobre o evangelho não muda o que o batismo é.
Terceiro, você vê qualquer claro contraexemplo na Escritura? Tome o exemplo do “um pão” de 1Coríntios 10.17 que mencionei anteriormente. Alguém pode argumentar que “um pão” é essencial para o que a Ceia do Senhor é, porque simboliza nossa unidade com Cristo. E ainda vemos evidência que a igreja pós-pentecostal em Jerusalém compartilhou em união a Ceia do Senhor (Atos 2.42), o que teria sido impossível de se fazer com um único pão e mais de 3 mil cristãos. Então, é seguro assumir que a linguagem do “pão” de Paulo não é normativa através das igrejas.
A guerra, não a batalha
Um componente final do pragmatismo bíblico é a paciência. Focar em vencer a guerra, não a batalha. Mesmo quando a Escritura é clara em qual objetivo deveríamos buscar, paciência pragmática em chegar lá pode ser uma coisa sábia.
Por exemplo, talvez você tenha sido convencido que a prática correta da disciplina eclesiástica é uma parte essencial do que significa ser uma igreja – e sua igreja não pratica disciplina eclesiástica. Como resultado, você está confuso por causa do artigo “’Não faça isso!’ Porque você não deveria praticar disciplina eclesiástica”.[YM1]
O 9 Marcas está defendendo que desobedeçamos a Escritura? O ponto do artigo é que o objetivo da disciplina eclesiástica é a pureza da igreja local – e se destruirmos a igreja no processo, não estamos cumprindo nada de valor. É como matar o paciente para curá-lo de um câncer. Bem melhor é ensinar pacientemente acerca da igreja até que a igreja esteja pronta para esse passo – então você termina com uma igreja que é pura e viva.
Para ter certeza, alguém poderia aplicar abusivamente esse princípio para descartar completamente a Escritura em favor do pragmatismo. E há ocasiões quando um princípio é tão claro e importante que vale a pena dividir uma igreja. Mas, geralmente, deveríamos continuar com o longo prazo em mente.
Aqui estão algumas orientações gerais quando a paciência pragmática pode ser mais sábia que um princípio “tudo ou nada”.
Quando um princípio tiver origem em um exemplo bíblico do evangelho e não no coração do evangelho, dever-se-ia pender geralmente para o lado da paciência pragmática.
Quando um princípio depender mais de uma aplicação do evangelho que do coração do evangelho, dever-se-ia pender geralmente para o lado da paciência pragmática.
Quando alguém tiver um claro plano para se mover em direção a uma grande fidelidade bíblica, poder-se-ia estar mais confiante que exercitar paciência é ser sábio e não preguiçoso.
Alguns de nós têm bem mais confiança em nosso julgamento, ignorando as Escrituras, enquanto procuramos o que é “sábio aos nossos olhos”. Outros fogem da responsabilidade de exercitar julgamento em favor de regras curtas e grossas porque temem que confiar no julgamento pode levar a um pragmatismo não-bíblico. Como é geralmente o caso, devemos entender para qual erro estamos mais inclinados e deveríamos trabalhar com outros irmãos e irmãs para traçar o curso que é fiel e sábio.
[YM1]Ver se esse artigo foi postado já no blog e linkar. Se não, linkar o original em inglês mesmo.
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AutorJamie Dunlop
Jamie Dunlop é pastor adjunto da Capitol Hill Baptist Church em Washington, DC.
http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/1028/Quando_o_pragmatismo_e_prudente
Como cristãos que acreditam na Bíblia, insistimos que tudo que fazemos seja baseado na Bíblia. Ainda assim, apostamos que das decisões que você faz, 99% delas não foram aplicações diretas da Escritura, mas foram pragmáticas em sua natureza. Que cor a igreja deveria ser pintada? Você deveria almoçar com João ou Tiago? Que palavras melhor servirão à sua mulher quando você chegar em casa?
Isso nos torna hipócritas? Não: um dos maiores presentes que cada um de nós recebeu do nosso criador – e aquele pelo qual prestaremos contas – é a nossa mente. “Pragmatismo” pode se referir a uma filosofia anti-sobrenatural, mas pode também ser simplesmente outra palavra para “julgamento sábio”, coisa que é ordenada na Escritura de forma veemente. E com julgamento pobre, é bem possível embasar nas Escrituras o que fazemos e ainda falhar em servir bem a Deus.
Se decidirmos que, para sermos bíblicos, nunca devemos ser pragmáticos, estamos essencialmente rejeitando o papel da sabedoria humana na vida cristã. E isso simplesmente não é como Deus ordenou que as coisas fossem. Ele deu em sua Palavra tudo que precisamos para fé e prática. Mas operar essas coisas requer uma boa porção de julgamento santificado. Ou, para usar aquela outra palavra, uma boa porção de pragmatismo bíblico.
Então, como administramos bem nosso pragmatismo? Penso que seja de duas formas: (1) quando somos pragmáticos, deveríamos garantir que nosso pragmatismo seja bíblico; e (2) discernir corretamente quando a Bíblia espera que sejamos sábios no julgamento e quando somos ordenados a simplesmente confiar e obedecer.
Como fazemos nosso pragmatismo ser bíblico?
Primeiro, como fazemos nosso pragmatismo ser bíblico?
Pragmatismo não é um problema até que ele comece a substituir as instruções que Deus já nos deu. Como um amigo meu coloca, geralmente nos aproximamos das decisões como nos aproximamos de um quadro em branco, inteiramente dependente do nosso bom julgamento para traçar um caminho adiante. Mas se conhecemos nossas Bíblias, conhecemos que já tem algo escrito no quadro, especialmente quando se trata de liderar uma igreja local. Deus tem nos guiado em ambos, no que deveríamos fazer e como deveríamos fazer.
Então como podemos ter certeza que não ignoramos o que Deus já escreveu? Aqui estão três ideias para você:
1. Examine seus objetivos à luz das Escrituras
Primeiro, examine seus objetivos à luz das Escrituras. Um pensamento pragmático errado geralmente começa quando tomamos um bom objetivo, e talvez até mesmo um objetivo bíblico, e usamos para substituir outro objetivo bíblico.
Digamos que você seja um pastor jovem que sente o peso bíblico por seus jovens para que eles ouçam e creiam no evangelho, mas isso não está acontecendo por meio das famílias em sua igreja. Então você constrói seu ministério de jovens para prover “serviço completo de discipulado” – do evangelismo à instrução bíblica à comunhão à mentoria.
Esse é um objetivo bíblico, até mesmo um bom objetivo. O problema é que a Bíblia tem outro objetivo que você ignorou: Efésios 6 implica que famílias, não ministérios de jovens, devem ser os discipuladores primários das crianças. Então, em essência, seu ministério de jovens é um sistema elaborado para ajudar as famílias a fugir das suas responsabilidades dadas por Deus.
Se você tivesse pensado mais cuidadosamente acerca do objetivo de um ministério de jovens – ajudar as famílias a disciplinarem seus filhos – você deveria ter desenvolvido isso de forma bastante diferente. E então todo seu bom pensamento pragmático estaria com o foco em um objetivo melhor.
Uma maneira que podemos ajudar nossa programação a ser bíblica é pensar cuidadosamente se estamos baseando nossos objetivos nos objetivos das Escrituras.
2. Explore o quanto a Escritura é específica – quer seja explicita ou implicitamente – sobre como você deve fazer as coisas como uma igreja
Segundo, explore o quanto a Escritura é específica – quer seja explicita ou implicitamente – sobre como você deve fazer as coisas como uma igreja.
Se a Escritura tivesse definitivamente especificado que substituir o sermão por dança interpretativa é ruim (“Não praticarás...”) então esperaria que não tivéssemos tanto debate sobre esse ponto. Porém, o problema é que enquanto alguns cristãos veem isso como uma implicação óbvia do ensino bíblico, outros não estão certos que a Bíblia diz muito sobre o que devemos fazer em nossas reuniões semanais.
Então, como nós determinamos o quão especificamente as Escrituras falam aos nossos métodos de ministério? Como sabemos quando Deus já escreveu algo no quadro branco? Obviamente, deveríamos nos tornar estudantes mais cuidadosos da Escritura. Mas, em adição a isso, podemos fazer uso dos desacordos com outros cristãos para testar nosso pensamento com respeito ao quão específica a Escritura realmente é.
Por exemplo, não sendo um fundamentalista, fui beneficiado significantemente por ouvir a uma entrevista do 9 Marcas sobre “Fundamentalismo e separação” com Mark Minnick, pastor e professor na Bob Jones University. Eu tivera uma pequena exposição aos princípios do fundamentalismo, então estive surpreso da forma cuidadosa que Dr. Minnick argumentou sobre Efésios 5.7 (“Não tenhais parte com eles”) para o que ele determinou de “doutrina da separação”: uma proibição bíblica contra ter parceria, de qualquer forma, com aqueles que se juntam com quem compromete o evangelho. Admitirei que não estava finalmente convencido por seu argumento. Mas ouvir um irmão defender o princípio a partir da Escritura moldou meu pensamento significantemente conforme conduzi minha própria igreja a ter parceria com os outros.
Então, procure por amigos ou autores cristãos que vejam mais princípios válidos na Escritura que você, que vejam mais preto no branco do que tons de cinza, que defendam decisões a partir da Escritura que você pensa que são puramente pragmáticas. Eles ajudarão a testar seu próprio entendimento de o quanto precisa a Escritura é em suas prescrições – o que fará seu pragmatismo ser mais bíblico.
3. Trabalhe a partir do que é claro na Escritura para o que menos claro
Terceiro, trabalhe a partir do que é claro na Escritura para o que é menos claro. Algumas vezes, quando olhamos para uma decisão iminente, falhamos em ver um mandamento correspondente na Escritura e decidimos que a Bíblia não tem coisa alguma a dizer sobre isso. Isso é tolice. A Bíblia não se cala acerca da nossa decisão simplesmente porque não fala diretamente sobre isso.
Tome um jovem rapaz considerando como conduzir seu namoro. “Namoro” não tem referência em sua concordância bíblica – nem “corte”. Então, além de certificar que ele e sua namorada não façam sexo antes do casamento, há alguma coisa na Bíblia que eles precisam prestar atenção? Quantas conversas como essa eu tive como pastor! A Bíblia é clara sobre o casamento – que é esperado de todo namoro –, mas não sobre namoro em si . E deixando claro, o claro guia das Escrituras sobre o casamento (papel dos sexos, imagem de Cristo, comunicação etc.) tem muitas implicações para o namoro.
Quando você está lutando com uma decisão que é mais específica que a clareza do ensino da Escritura, é importante ter e mente a situação mais próxima à sua onde a Escritura é clara.
Julgue a linha entre ordem e julgamento
Porém, ser um bom administrador do pragmatismo vai além de simplesmente fazer nosso pragmatismo mais bíblico. Nós devemos também evitar fazer a Escritura mais absoluta do que ela pretende ser. Em outras palavras, devemos descobrir a linha entre uma ordem bíblica direta e um julgamento santificado.
Por exemplo, Hebreus 10.25 nos diz para não desistir do hábito de nos reunirmos. Isso significa que excomungamos um irmão do exército porque seu trabalho o faz estar distante da comunhão cristã por vários meses? Não seria uma clara implicação da Escritura? Dizer “não” para essa questão reconhecidamente absurda claramente depende de algum nível de arrazoamento pragmático, fazendo uso do julgamento santificado.
Ainda assim, se desenfreado, pode também levar para longe demais.
Então, como nós discernimos onde diretamente a aplicação bíblica termina e o julgamento acaba? Aqui estão três sugestões para você.
1. Preste atenção ao contexto – Incluindo o gênero
Primeiro, preste atenção no contexto – incluindo o gênero. Quantos jovens casados têm discutido entre si tolamente até tarde da noite em uma tentativa de obedecer a ordem de Paulo em Efésios 4.26: “não se ponha o sol sobre a vossa ira”. Algumas vezes você precisa simplesmente chegar a um bom ponto de parada, dormir e então recomeçar sua discussão quando as mentes descansadas removerem o calor da argumentação.
Paulo oferece sua declaração em Efésios 4 em forma de um provérbio: algo que é geralmente verdade, mas que requer julgamento para ser aplicado. Isso é claramente diferente de uma ordem categórica, como “Não adulterarás” (Êxodo 20.14).
2. Determine cuidadosamente quando o exemplo da Escritura é normativo
Segundo, determine cuidadosamente quando o exemplo da Escritura é normativo. Frequentemente, a forma que a Escritura fala sobre uma situação – especialmente com respeito a como conduzimos a vida da igreja – não é através de imperativos diretos, mas através de exemplos.
Nesses casos, determinar o que é único à situação do primeiro século e o que é normativo para nós hoje pode ser desafiador. Por exemplo, eu argumentaria que o modelo bíblico é que as igrejas tenham múltiplos presbíteros – porque esse é o exemplo que vejo no Novo Testamento. Ainda assim, eu não insistiria em cozinhar uma grande massa de pão para nossa igreja de mil pessoas celebrar a Ceia do Senhor, mesmo que 1Coríntios 10.17 pareça assumir a ideia de uma única massa de pão na igreja dos coríntios.
Como podemos dar sentido a tudo isso? Porque Jesus prometeu que seu Espírito Santo guiaria os apóstolos “em toda verdade” (João 16.13), devemos acreditar que podemos aprender do que eles fizeram em comparação com o que eles ensinaram. Aqui estão algumas questões para ajudá-lo a melhorar sua aplicação de exemplos bíblicos.
Primeiro, quão consistente é um exemplo que permeia a Escritura? Por exemplo, liderança plural na igreja local aparece por todo Novo Testamento, o que nos dá confiança que é pretendido que seja aplicado para nossas igrejas como era para aquelas primeiras congregações.
Segundo, o exemplo que você está procurando afeta a essência da coisa em questão? Por exemplo, alguns cristãos batizavam imediatamente, assim que a pessoa era convertida. Mas eu argumentaria que a velocidade do batismo não é essencialmente o que o batismo é. Alguns dias ou semanas de conversa sobre o entendimento do convertido sobre o evangelho não muda o que o batismo é.
Terceiro, você vê qualquer claro contraexemplo na Escritura? Tome o exemplo do “um pão” de 1Coríntios 10.17 que mencionei anteriormente. Alguém pode argumentar que “um pão” é essencial para o que a Ceia do Senhor é, porque simboliza nossa unidade com Cristo. E ainda vemos evidência que a igreja pós-pentecostal em Jerusalém compartilhou em união a Ceia do Senhor (Atos 2.42), o que teria sido impossível de se fazer com um único pão e mais de 3 mil cristãos. Então, é seguro assumir que a linguagem do “pão” de Paulo não é normativa através das igrejas.
A guerra, não a batalha
Um componente final do pragmatismo bíblico é a paciência. Focar em vencer a guerra, não a batalha. Mesmo quando a Escritura é clara em qual objetivo deveríamos buscar, paciência pragmática em chegar lá pode ser uma coisa sábia.
Por exemplo, talvez você tenha sido convencido que a prática correta da disciplina eclesiástica é uma parte essencial do que significa ser uma igreja – e sua igreja não pratica disciplina eclesiástica. Como resultado, você está confuso por causa do artigo “’Não faça isso!’ Porque você não deveria praticar disciplina eclesiástica”.[YM1]
O 9 Marcas está defendendo que desobedeçamos a Escritura? O ponto do artigo é que o objetivo da disciplina eclesiástica é a pureza da igreja local – e se destruirmos a igreja no processo, não estamos cumprindo nada de valor. É como matar o paciente para curá-lo de um câncer. Bem melhor é ensinar pacientemente acerca da igreja até que a igreja esteja pronta para esse passo – então você termina com uma igreja que é pura e viva.
Para ter certeza, alguém poderia aplicar abusivamente esse princípio para descartar completamente a Escritura em favor do pragmatismo. E há ocasiões quando um princípio é tão claro e importante que vale a pena dividir uma igreja. Mas, geralmente, deveríamos continuar com o longo prazo em mente.
Aqui estão algumas orientações gerais quando a paciência pragmática pode ser mais sábia que um princípio “tudo ou nada”.
Quando um princípio tiver origem em um exemplo bíblico do evangelho e não no coração do evangelho, dever-se-ia pender geralmente para o lado da paciência pragmática.
Quando um princípio depender mais de uma aplicação do evangelho que do coração do evangelho, dever-se-ia pender geralmente para o lado da paciência pragmática.
Quando alguém tiver um claro plano para se mover em direção a uma grande fidelidade bíblica, poder-se-ia estar mais confiante que exercitar paciência é ser sábio e não preguiçoso.
Alguns de nós têm bem mais confiança em nosso julgamento, ignorando as Escrituras, enquanto procuramos o que é “sábio aos nossos olhos”. Outros fogem da responsabilidade de exercitar julgamento em favor de regras curtas e grossas porque temem que confiar no julgamento pode levar a um pragmatismo não-bíblico. Como é geralmente o caso, devemos entender para qual erro estamos mais inclinados e deveríamos trabalhar com outros irmãos e irmãs para traçar o curso que é fiel e sábio.
[YM1]Ver se esse artigo foi postado já no blog e linkar. Se não, linkar o original em inglês mesmo.
Hits: 874
AutorJamie Dunlop
Jamie Dunlop é pastor adjunto da Capitol Hill Baptist Church em Washington, DC.
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