PREGAÇÃO SUPERFICIAL
considera as consequências devastadoras
de uma mensagem diluída.
John MacArthur
Estou comprometido
com a
pregação
expositiva. Tenho a convicção
inabalável
de que a proclamação
da
Palavra de Deus sempre deve ser
o
âmago e o foco do ministério da
igreja
(2 Timóteo 4.2). E a pregação
bíblica
correta deve ser sistemática,
expositiva,
teológica e teocêntrica.
Esse tipo de pregação está em
falta
nestes dias. Há abundância de
comunicadores
talentosos no movimento
evangélico
moderno, porém os
sermões
de hoje tendem a ser curtos,
superficiais
e tópicos. Fortalecem
o
ego das pessoas e centralizamse
em
assuntos completamente insípidos
como
relacionamentos, vida de
sucesso,
problemas emocionais e
outros
temas práticos, mas seculares.
Assim como os púlpitos de materiais
leves
e transparentes dos quais
as
mensagens são apresentadas, esse
tipo
de pregação não tem peso nem
consistência;
é barata e sintética, deixando
pouco
mais do que uma impressão
efêmera
na mente dos ouvintes.
Há algum tempo realizei um seminário
sobre
pregação em nossa
igreja.
Ao preparar-me para as palestras,
peguei
um caderno de anotações,
uma
caneta e comecei a listar
os
efeitos negativos desse tipo superficial
de
pregação, tão predominante
no
evangelicalismo moderno.
Inicialmente, pensei que seria
capaz
de identificar pelo menos dez
efeitos
negativos, mas, no final, eu
havia
alistado sessenta e uma conseqüências
devastadoras!
Apresento
aqui
as mais importantes como um
aviso
contra a pregação superficial
—
tanto para os pastores, nos púlpitos,
quanto
para seus ouvintes, nos
bancos
das igrejas.
USURPA A AUTORIDADE DE DEUS
Quem
possui o direito de falar à
6 Fé
para Hoje
igreja?
O pregador ou Deus? Sempre
que
a Palavra de Deus é substituída
por
qualquer outra coisa, a
autoridade
dEle é usurpada. Que atitude
arrogante!
Na verdade, substituir
a
Palavra de Deus pela sabedoria
do
homem é uma atitude insolente.
DESAFIA O SENHORIO DE CRISTO
Quem
é o cabeça da igreja? Cristo
é
realmente a autoridade dominante
no
ensino da igreja? Se isso é verdade,
por
que há tantas igrejas nas quais
a
Palavra dEle não está sendo proclamada
com
fidelidade?
Quando observamos o ministério
contemporâneo,
vemos programas
e
métodos que são fruto da invenção
humana,
resultado de pesquisa
de
opinião pública e avaliação da
vizinhança
da igreja, além de outros
artifícios
pragmáticos. Os especialistas
em
crescimento de igreja têm
lutado
para assumir o controle das
atividades
da igreja, tomando-o de seu
verdadeiro
Cabeça, o Senhor Jesus
Cristo.
Quando Jesus Cristo é exaltado
no
meio de seu povo, seu poder é
manifestado
na igreja. Quando a igreja
é
controlada por comprometedores
cuja
única ambição é conformarse
à
cultura, o evangelho é minimizado,
o
verdadeiro poder é perdido,
uma
energia artificial precisa ser fabricada,
e
a superficialidade toma o
lugar
da verdade.
OBSTRUI A OBRA
DO ESPÍRITO SANTO
Ele
usa a Palavra de Deus para
realizar
a sua obra. Ele a usa como
instrumento
de regeneração (1 Pe
1.23;
Tg 1.18) e de santificação (Jo
17.17).
Na verdade, a Palavra de
Deus
é a única ferramenta que o Espírito
Santo
usa (Ef 6.17). Então,
quando
os pregadores negligenciam
a
Palavra de Deus, debilitam a obra
do
Espírito Santo, produzindo conversões
superficiais
e crentes aleijados
em
sua vida espiritual — e, talvez,
completamente
falsos.
Conseqüentemente, o púlpito
perde
o seu poder. “A palavra de
Deus
é viva, e eficaz, e mais cortante
do
que qualquer espada de dois
gumes”
(Hb 4.12). Qualquer outra
coisa
é impotente, oferecendo apenas
uma
ilusão de poder. A habilidade
do
homem em seduzir as pessoas
não
deve impressionar-nos mais do
que
a capacidade da Bíblia em transformar
vidas.
DEMONSTRA FALTA
DE SUBMISSÃO
Nas
abordagens modernas de
“ministério”,
a Palavra de Deus é
deliberadamente
subestimada; o opróbrio
de
Cristo (Hb 11.26), repudiado
com
sagacidade; a ofensa do evangelho,
removida
com cuidado; e a
“adoração”,
moldada com o propósito
de
se ajustar às preferências dos
incrédulos.
Isto não é nada mais do
que
uma recusa em se submeter ao
mandamento
bíblico para a igreja. A
insolência
dos pastores que seguem
um
caminho como esse é assustadora
para
mim.
SEPARA O PREGADOR DA
GRAÇA DE SANTIFICAÇÃO
O
maior benefício pessoal que
PREGAÇÃO
SUPERFICIAL 7
recebo
da pregação é a obra que o
Espírito
de Deus realiza em minha
própria
alma, quando estudo e me
preparo
para duas mensagens expositivas
a
cada Dia do Senhor. Semana
após
semana, o dever da exposição
cuidadosa
mantém o próprio coração
focalizado
e fixo nas Escrituras;
e
a Palavra de Deus me alimenta,
enquanto
me preparo para alimentar
o
rebanho.
Deste modo, eu mesmo sou
abençoado
e fortalecido espiritualmente
por
meio deste empreendimento.
Ainda
que não houvesse qualquer
outra
razão, eu jamais abandonaria a
pregação
bíblica. O inimigo de nossa
alma
persegue os pregadores, e a
graça
santificadora da Palavra de
Deus
é essencial à nossa proteção.
OBSCURECE A TRANSCENDÊNCIA
DE NOSSA MENSAGEM
Conseqüentemente,
a pregação
superficial
enfraquece tanto a adoração
congregacional
como a adoração
pessoal.
O que hoje é recebido como
pregação,
em algumas igrejas, é tão
superficial
quanto as mensagens que
os
pregadores de gerações anteriores
ministravam
em cinco minutos
às
crianças. Isto não é exagero. Esse
tipo
de abordagem torna impossível
a
verdadeira adoração, porque a adoração
é
uma experiência transcendente
que
deveria nos elevar acima do
que
é mundano e simplista.
|
A verdadeira adoração é uma resposta
do
coração à verdade de Deus
(Jo
4.23). O nosso povo não pode
ter
pensamentos sublimes a respeito
de
Deus, se não os fazemos mergulhar
nas
profundezas da auto-revelação
de
Deus. Mas a pregação de hoje
não
é profunda nem transcendente.
Não
se aprofunda nem se eleva às
alturas.
Almeja apenas entreter.
IMPEDE O PREGADOR DE
DESENVOLVER A MENTE DE CRISTO
Os
pastores devem viver em submissão
a
Cristo. Muitos pregadores
modernos
se mostram de tal modo
determinados
a compreender a cultura,
que
desenvolvem a mente da
cultura,
e não a mente de Cristo.
Começam
a pensar como o mundo,
e
não como o Salvador.
Sinceramente, as nuanças da
cultura
mundana são irrelevantes
para
mim. Quero conhecer a mente
de
Cristo e usá-la para influenciar a
cultura,
não importando qual seja a
cultura
em que ministro. Se tenho de
subir
ao púlpito e ser representante
de
Jesus Cristo, quero conhecer o
que
Ele pensa — e declarar isso ao
seu
povo.
DEPRECIA A PRIORIDADE DO
ESTUDO BÍBLICO PESSOAL
O
estudo bíblico pessoal é importante?
Claro
que sim! Mas, que
exemplo
o pregador oferece quando
negligencia
a Bíblia em sua própria
pregação?
Por que estudariam a Bíblia,
se
o próprio pregador não a estuda
com
seriedade, ao preparar seus
sermões?
Alguns dos gurus do ministério
“Sensível
aos Interessados” nos
aconselham
a retirar do sermão todas
as
referências explícitas à Bíblia.
Eles
dizem: “Nunca peça à sua congregação
que
abra a Bíblia em uma
8 Fé
para Hoje
passagem
específica, porque esse
tipo
de coisa deixa os interessados
desconfortáveis”.
Algumas igrejas “sensíveis aos
interessados”
desencorajam veementemente
seus
membros a trazerem
Bíblias
à igreja, com receio de que a
visão
de tantas Bíblias intimide os
interessados.
Como se fosse perigoso
dar
ao povo a impressão de que a
Bíblia
é importante!
SILENCIA A VOZ DE DEUS
Jeremias
8.9 diz: “Os sábios serão
envergonhados,
aterrorizados e
presos;
eis que rejeitaram a palavra
do
SENHOR; que sabedoria é essa que
eles
têm?”
Quando eu falo, quero ser o mensageiro
de
Deus. Não estou interessado
em
interpretar o que algum psicólogo,
ou
guru de negócios, ou professor
universitário
tem a dizer sobre
qualquer
assunto. O meu povo
não
precisa de minha opinião; precisa
ouvir
o que Deus tem a dizer. Se
pregarmos
como a Escritura nos ordena,
não
será difícil saber de quem
é
a mensagem que vem do púlpito.
PRODUZ INDIFERENÇA EM
RELAÇÃO À GLÓRIA DE DEUS
A
pregação “sensível aos interessados”
nutre
pessoas centralizadas
em
seu próprio bem-estar. Quando
você
diz às pessoas que o principal
ministério
da igreja é consertar para
elas
o que estiver errado nesta vida
—
suprir suas necessidades e ajudálas
a
enfrentar seus desapontamentos
neste
mundo — a mensagem que
você
está enviando é que os problemas
desta
vida são mais importantes
do
que a glória de Deus e a majestade
de
Cristo. Novamente, isto corrompe
a
verdadeira adoração.
ROUBA ÀS PESSOAS A SUA ÚNICA
FONTE DE AJUDA VERDADEIRA
As
pessoas que vivem sob um
ministério
de pregação superficial tornam-
se
dependentes da habilidade e
criatividade
do orador. Assim, elas se
tornam
espiritualmente inativas e vão
à
igreja apenas para serem entretidas.
Não
têm interesse pessoal na Bíblia,
porque
os sermões que ouvem não
emergem
das Escrituras. São impressionadas
pela
criatividade do pregador
e
manipuladas pela música; e isso
se
torna toda a sua perspectiva de
espiritualidade.
ENGANA AS PESSOAS QUANTO AO
QUE ELAS REALMENTE PRECISAM
Em
Jeremias 8.11, Deus condena
os
profetas que tratavam de modo
superficial
as feridas do povo. Este
versículo
se aplica poderosamente
aos
pregadores artificiais que ocupam
muitos
púlpitos evangélicos proeminentes,
em
nossos dias. Tais pregadores
omitem
as verdades mais severas
sobre
o pecado e o julgamento.
Abrandam
as partes ofensivas da
mensagem
de Cristo.
Enganam as pessoas sobre aquilo
que
elas realmente precisam, prometendo-
lhes
“satisfação” e bem-estar
terreno,
quando o que necessitam
é
de arrependimento, fé e uma
visão
exaltada de Cristo, bem como
de
um verdadeiro entendimento do
esplendor
da santidade de Deus.
PREGAÇÃO
SUPERFICIAL 9
Portanto, os pastores têm de pregar
a
Palavra, embora fazê-lo esteja
fora
de moda em nossos dias (2 Tm
4.2).
Essa é a única maneira pela qual
o
ministério deles pode dar frutos.
Além
do mais, a pregação da Palavra
assegura
que os pastores serão frutíferos
no
ministério, porque a Palavra
de
Deus jamais volta vazia para
Ele;
ela sempre faz aquilo que Lhe
apraz
e prospera naquilo para o que
foi
designada (Is 55.11).
(Adaptado de "Pregação Superficial:
As
Conseqüências Devastadoras
de
uma Mensagem Diluída".
In:
MACARTHUR,
John.
Ouro
de Tolo? São José dos
Campos: Fiel, 2006. p. 33-41.)
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